Record (Portugal)

O Benfica no fim de um ciclo

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Se olharmos para esta época do Benfica como parte de um ciclo longo, o balanço é positivo. Afinal, já lá vão nove temporadas em que a pior classifica­ção foi um 2.º lugar. Desde a 3.ª posição em 2008/09, o Benfica conquistou cinco títulos e por quatro vezes foi vice-campeão. Na última década, os registos de Porto e Sporting não são comparávei­s.

Comaltos e baixos exibiciona­is,

equívocos na política de contrataçõ­es, o Benfica dos últimos dez anos tem-se revelado um projeto desportiva e financeira­mente sólido. Há, aliás, vários indicadore­s que atestam o sucesso, inclusive este ano: os 81 pontos conquistad­os (com mais um ganhámos o tetra), assim como os 80 golos marcados (nas mesmas últimas nove temporadas, só por uma vez o Benfica teve uma média de golos inferior a dois por jogo (1,9 em 2013/14).

Mas agora que a época finda, é

bem mais importante olhar para o que correu mal do que valorizar o que de positivo foi feito. Até porque é dessa capacidade que dependerão as conquistas futuras.

Deixo propositad­amente de

lado a estratégia que o Benfica tem seguido face às investigaç­ões de que tem sido alvo – temo bem que não faltarão pretextos para regressar ao tema – para me concentrar no plano desportivo.

Esta foi umatempora­da de al

tos e baixos exibiciona­is. É, aliás, possível dividir a temporada em três partes. Uma primeira, até à deslocação a Guimarães; outra, curiosamen­te entre os dois jogos com o Vitória; e finalmente a reta final.

Depois de ter tido umarranque

promissor ( conquista da Supertaça e três vitórias no campeonato), o Benfica colapsou exibiciona­l e desportiva­mente. Com a chegada da Champions, ficaram expostas as debilidade­s no planeament­o: as saídas de joga- dores-chave na defesa e a ausência de reforço num meio-campo que, já o ano passado, se tinha revelado o sector mais frágil, revelaram uma equipa curta e com défices de qualidade.

EmGuimarãe­s, mudou o siste

ma e, finalmente, os melhores jogadores tiveram oportunida­des (primeiro Krovinovic e, depois, Zivkovic e Rafa). Após a paragem para as seleções, e meio campeonato volvido, de novo com o Guimarães, agora na Luz, regressara­m as más exibições. Ficou demonstrad­o que o desinvesti­mento na equipa chegava para meia temporada, apenas numa competição, mas estava aquém das necessidad­es de uma época longa.

Mais importante, os sinais de que um ciclo desportivo chegou ao fim são muitos. Se é evidente que a aposta na formação faz sentido – mas é impossível vencer apenas com jogadores da formação –, também ficou claro que, para retomar a senda de vitórias, o Benfica precisa de renovar um núcleo duro que trouxe grandes conquistas. Sem três ou quatro jogadores de classe inquestion­ável, capazes de ajudarem a integrar o João Félix e o Gedson (à imagem do contributo do Jonas, Luisão, Gaitán, Fejsa e Júlio César para as histórias de sucesso do Nelsinho, do Lindelöf, do Guedes, do Renato e do Ederson), o Benfica pode estar a dar um passo para interrompe­r o ciclo positivo iniciado há dez anos. Um ciclo, nunca esquecer, iniciado com uma política de contrataçõ­es agressiva.

INSUFICIEN­TE NA EQUIPA SÓ CHEGOU PARA MEIA TEMPORADA FICOU CLARO QUE PARA RETOMAR A SENDA DE VITÓRIAS O CLUBE DA LUZ PRECISA DE RENOVAR UM NÚCLEO DURO QUE TROUXE GRANDES CONQUISTAS

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Pedro Adão e Silva

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