PLANTEL SUSPEITA DE ATAQUE PLANEADO
CONFIRMADO NAS CARTAS DE RESCISÃO Os jogadores estranham vários comportamentos do presidente na véspera do dia da agressão
Nas cartas de rescisão de Rui Patrício e Daniel Podence é assumido que os problemas entre o plantel e Bruno de Carvalho começaram após o empate em Setúbal. Desde esse momento as relações foram-se degradando e o epílogo registou-se nas agressões ocorridas em 15 de maio, em Alcochete. O grupo defende que o episódio foi planeado e levanta questões em relação ao comportamento do presidente, como se pode ler em seguida.
“Os jogadores consideram o teor e a calma do presidente, contrastando com o habitual nos últimos meses, muito estranha. Acresce que, nessa reunião, os jogadores foram surpreendidos com a antecipação do treino de quartafeira para terça-feira”, lê-se na carta de Patrício, que no dia das agressões estranhou a ausência do team manager André Geraldes. Após recordar o ataque, Rui Patrício ainda revelou que Gelson tinha recebido uma mensagem de “um adepto seu conhecido e da claque a avisar que os agressores estavam a chegar para fazer mer**”, um aviso que só leu após o sucedido. O capitão defende que o ataque “não foi uma conduta isolada e imprevisível que pudesse escapar à capacidade dos dirigentes” e que o acontecimento foi “até sucessivamente provocado tornando-se assim mais inaceitável a ausência de qualquer dispositivo de segurança”. Numa mensagem enviada após o empate no Bonfim (1-1), Bruno de Carvalho acusou a equipa de o ter obrigado a ir ao hospital “num estado de nervos” e, segundo Rui Patrício, começou a 20 de janeiro uma “atitude crítica de ataque permanente.
“O PRESIDENTE DO SPORTING CHEGOU À ACADEMIA QUASE DUAS HORAS APÓS O INÍCIO DOS ACONTECIMENTOS” Fotografia solidária
No jogo com o Rio Ave (2-0), a equipa devia ter posado fazendo um coração numa ação solidária. Garantindo que tal não aconteceu “por distração”, o capitão garante que Bruno de Carvalho nem quis ouvir os jogadores e até lhes “moveu um processo disciplinar” por este incidente.
Jogo com o P. Ferreira
Após todos os episódios que ocorreram na véspera com P. Ferreira (2-0), e depois de ter sido assobiado em Alvalade, realizou várias entrevistas que os jogadores entenderam ser para “denegrir o plantel” na opinião pública. “Desde então nunca mais houve qualquer diálogo entre os jogadores e presidente.”
A propósito do último dérbi com o Benfica, Rui Patrício recorda as tochas que “por pouco não o atingiram”, após conversa do presidente com a Juve Leo.
Reforçando estas suspeitas, as cartas de rescisão acrescentam que as “condutas do presidente foram adequadas a criar nos adeptos, e em especial nas claques, sentimentos exacerbados” e mencionam que “fatores estranhos concorrem para criar uma sensação de desconfiança relativa ao sucedido e à atuação do Sporting em a todo o acontecimento.”
Falta de apoio
As queixas enunciadas destacam que os jogadores não se sentiram apoiados pela direção. “O presidente do Sporting só chegou à Academia quase duas horas após o início dos acontecimentos, e as suas primeiras declarações foram absolutamente chocantes, até ofensivas, parecendo que o presidente do Sporting estava a ‘gozar’ com o sucedido”, um sentimento que Rui Patrício sublinhou durante os depoimentos realizados no posto da Guarda Nacional Republicana: “Os jogadores estiveram horas sem que tivessem sido acompanhados por qualquer membro da direção do Sporting, numa atitude de perfeito desprezo pela sua situação”.
Outro ponto destacado é a presença do antigo líder da claque Juventude Leonina em Alcochete, “sem qualquer justificação” e “de cara destapada” que terá afirmado a Jorge Jesus “que não era para ser assim, era só para assustarem os jogadores”. *
Tochas