Benfica acossado e Sporting... surreal
O QUE RESTA DO CONSELHO DIRECTIVO DO SPORTING É MAIS RESPONSÁVEL DO QUE BRUNO DE CARVALHO: SUSTENTA A TESE DO VALE TUDO PARA A MANUTENÇÃO DOS LUGARES. A PERDA DE RUI PATRÍCIO É ‘APENAS’ A PERDA DE MAIS UM VALOR ENTRE TANTOS VALORES PERDIDOS
ta fase, não ata nem desata. Com grande prejuízo no presente e no futuro imediato. Um Conselho Directivo, num regime de ‘fragilidade activa’ , que não se importa de ‘substituir’ a Mesa da Assembleia Geral, para tentar perpetuar-se, é outra coisa SURREAL. Nunca visto. Parte-se a ‘mesa’ como um golpe de imaginação super-criativa que nenhuns Estatutos poderiam estar preparados para salvaguardar. O Conselho Directivo de um clube passa a ser o órgão musculado que reage a todas as iniciativas que possam ameaçar a sua afectada integridade. Para o Conselho Directivo do Sporting, a onda de demissões não tem qualquer significado. As iniciativas tendentes a devolver a palavra aos sócios, numa situação de crise aberta e inigualável na história do clube de Alvalade (até Godinho Lopes teve dignidade pessoal e institucional quando percebeu que já não era solução e passara a ser problema), são todas boicotadas. Para Bruno de Carvalho, o Sporting é apenas este Conselho Directivo amputado na sua credibilidade, e os sportinguistas que o apoiam incondicionalmente nesta sua vertigem destrutiva.
Este Sporting não está apenas fracturado. Está dilacerado nos ideais e nos valores que sempre defendeu como instituição desportiva.
O caso darescisão de RuiPatrício é o culminar de mais uma situação tão lamentável quão provocada. O jogador tenta sair ‘a bem’. ‘A bem’ significa ter um clube disponível para o comprar. É preciso perceber o contexto. É facilmente verificável que Rui Patrício foi alvo de uma pressão negativa inqualificável produzida pelo próprio clube (tochas, etc), no seguimento, até, das mensagens que o presidente do clube fez chegar aos jogadores. A estória do pós-Madrid é inqualificável. Os jogadores têm sempre responsabilidades, mas serem tratados como foram tratados pelo próprio presidente, desqualificando-os, não é aceitável — nem na perceptiva do Clube e muito menos na perspectiva de uma SAD. A invasão da Academia foi um acto bárbaro, mas aconteceu na sequência do clima instalado entre o presidente e os jogadores. Um acto bárbaro que não foi apenas ‘chato’. Foi traumático. Foi dilacerante. Foi desmobilizador.
Bruno de Carvalho não percebe umacoisaóbvia: a sua ânsia de controlo fê-lo perder o… controlo. A ‘máquina em andamento’ é… ele próprio. Um presidente que não protege a equipa arrisca-se a perder os jogadores. Com ou sem justa causa. E um clube ‘sem’ jogadores (e sem referências como Patrício) perde a razão de existir na base de sustentação através do futebol profissional. A perda de Rui Patrício é ‘apenas’ a perda de mais um valor entre tantos valores perdidos. E, por isso, tudo isto se resume a uma palavra: SURREAL.