JOAQUIM EVANGELISTA EXPLICA APOIO A JOGADORES DO SPORTING
Quase a terminar a época desportiva, não quero deixar de comentar alguns acontecimentos que marcaram a vida dos jogadores, de forma negativa, e que, como presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, acompanhei com especial preocupação, e dar nota pública da atuação do Sindicato na defesa da classe e da profissão que exercem. Não posso deixar de destacar o ambiente de suspeição, que assumiu formas de generalização, sobre a conduta profissional dos jogadores, geralmente na forma de especulação sobre uma má prestação desportiva associada a práticas ilícitas em fenómenos marginais.
Preocupa-me, particularmente, que em muitos casos este ambiente de suspeição apareça na sequência de denúncias anónimas, prontamente noticiadas pela imprensa e exploradas do ponto de vista mediático, sem qualquer preocupação com a veracidade das fontes ou respeito pelo segredo de justiça.
Preocupam-me, ainda, as denúncias públicas feitas por alguns dirigentes, que em vez de tratarem internamente estes assuntos e lançarem mão do procedimento disciplinar, preferem expor e desvalorizar os seus ativos. Alémdos danos paraaimagemda competição, preocupam-me os
danos pessoais e profissionais para os atletas visados, dificilmente reparáveis no contexto de uma profissão de desgaste rápido e curta duração. Quero deixar claro que nesta ma
téria, independentemente dos clubes, dirigentes e adeptos gostarem ou não, o Sindicato tem feito o que lhe compete, como é sua obrigação: defender a honra, o bom-nome e a reputação dos jogadores.
Por um lado, tem disponibilizado todo o apoio aos jogadores visa
dosem processos judiciais, no respeito escrupuloso da sua presunção de inocência, contribuindo para que tenham um processo justo e todos os seus direitos sejam defendidos; por outro, tem prestado toda a colaboração às autoridades para que sejam descobertos os verdadeiros fenómenos ilícitos e para que apenas sejam visados os verdadeiros prevaricadores. Istosignificaque oSindicatonão étoleranteou conivente com qual- quer fenómeno ilícito, que adultere a verdade desportiva ou ponha em causa a competição, mas antes que está ao lado da classe que representa e lhe confia a defesa dos seus legítimos interesses. Lutamos sempre peladefesado bom-nome daprofissão! De forma a que as ações de uns não sejam vistas como uma conduta de todos, mas também pela declaração de inocência dos que são injustamente acusados e por uma decisão justa para os que são culpados. Emtodos os casos, defendemos a dignidade pessoal e profissional do jogador. Estivemos, estamos e estaremos sempre ao lado dos jogadores na defesa daqueles que forem os seus interesses e direitos. Ajustiça deve funcionar de forma célere e exemplar, mas nos locais próprios e por quem a deve exercer.
Quero aqui recordar que a propósito do clima de suspeição que recaiu sobre os jogadores, os capi- tães de equipa dos clubes da 1.ª e 2.ª Ligas manifestaram ao Sindicato a vontade de tomar uma posição de força, o que levou a que promovêssemos reuniões com a FPF, com a Liga e com a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, nas quais os mesmos manifestaram o seu descontentamento e frustração por cada acusação feita a um colega de profissão, na praça pública, sem qualquer possibilidade de defesa.
Na sequência destas posições, o Sindicato transmitiu de viva voz a sua preocupação com o escalar de violência aos responsáveis máximos do futebol português, exigindo respeito pela classe. Além disso, debateu com os seus interlocutores institucionais medidas para resolver um pro- blema que, manifestamente, nenhuma instituição conseguiu, até à data, resolver.
No início da próxima época desportiva, o Sindicato e os capitães de equipa voltarão ao tema e, em face do que tem sucedido, ponderam uma toma de posição mais enérgica, não pondo de lado parar a competição, para que todos reflitam de forma séria sobre o futuro do futebol em Portugal. Preocupa-nos muito aviolência gratuita, sob diversas formas e em diferentes contextos: rixas entre adeptos, insultos e tentativas de agressão a agentes desportivos, danos materiais e invasão dos locais de trabalho, como sucedeu no centro de estágio do Vitória SC e na Academia de Alcochete. Quero, aliás, realçar que os eventos de Guimarães e de Alcochete, de enorme impacto público, se destacam pelo sentimento de insegurança e temor gerado, pela quebra da confiança dos jogadores na capacidade da sua entidade empregadora para os resolver, pelo que importa, de imediato, prevenir que outros eventos da mesma natureza se repitam.
Como sempre foiapanágio deste Sindicato, sem prejuízo de tomadas de posição institucionais, a nossa intervenção no apoio aos jogadores resulta, sempre, a pedido dos mesmos.
A DEFESA PELO BOM- NOME DA PROFISSÃO E A DIGNIDADE PESSOAL NÃO PODE SER ALIENADA