A EUROPEIZAÇÃO DA CANARINHA
Tite rompeu com mais de duas dezenas de meses de depressão profunda. O epílogo calamitoso da participação num Mundial caseiro, sob o comando de Scolari, e uma sucessão medíocre de Dunga pareciam colocar a canarinha no abismo. Até que chegou o treinador que levantou do chão um fortíssimo candidato ao êxito. Desengane-se quem pensa que o Brasil retornou ao futebol poético e enleante de 1982. O grande mérito de Tite foi o de proceder à europeização do jogar da seleção brasileira, apresentando um processo defensivo sólido, conciliando competência na organização e na transição, o que o leva a preferir o 4x1x4x1 ou o 4x3x3. Ofensivamente, a qualidade superlativa das suas individualidades, encabeçadas por Neymar, que sabe que o êxito coletivo deixá-lo-á na corrida pela Bola de Ouro, e a ferocidade empregue no contragolpe fazem a diferença, dissimulando algumas carências em organização. Pela frente, na fase inicial, terá três rivais que cobiçam a segunda fase. A Suíça assenta a sua força no coletivo e no equilíbrio defensivo, mesclando jogadores experientes com jovens que encontraram espaço na exigente Bundesliga. Faltam-lhe, contudo, mais ideias e poder de fogo. Depois, o contraste entre a Sérvia, de quem podemos esperar tudo - já que existe um acasalamento entre imenso talento individual e um irrefreável caos organizativo –, e a Costa Rica, assente na solidez do processo defensivo que procura surpreender os rivais com a busca de contra-ataques e de ataques rápidos. *
Brasil é um dos grandes favoritos ao título e vai enfrentar um trio com aspirações aos ‘oitavos’