ENVIADA ESPECIALMENTE PARA MUDAR MENTALIDADE
Mundial deu a Ghazal Ziari o que o Irão proíbe: mulheres nos estádios. Jornalista cumpriu sonho
Foi uma sensação incrível, nem consigo explicar. Era um sonho que tinha e consegui concretizá-lo”, confessou Ghazal Ziari. É jornalista, escreve artigos no jornal iraniano ‘Khabar Varseshi’, mas faltaram-lhe as palavras quando Record lhe pediu para relembrar o momento em que assistiu, na bancada de imprensa, ao Rússia-Arábia Saudita, jogo inaugural do Mundial’2018. A reação apaixonada tem razão de ser. Ghazal é mulher e, como tal, está proibida de en-
“APESAR DE NÃO PODEREM ENTRAR NOS ESTÁDIOS, MULHERES SEMPRE FORAM GRANDES ADEPTAS”
trar em estádios no Irão. “Já tinha ido ver jogos ao vivo, em particulares da minha seleção fora do país. Eu faço cobertura do futebol internacional e até consigo contornar esse obstáculo, mas tenho colegas, mulheres jornalistas, que trabalham o futebol iraniano na redação. Claro que o objetivo é que todas nós possamos entrar nos estádios. Este tema, como outro qualquer, tem pessoas de acordo e outras contra; logo, é preciso tempo para ser resolvido”, acrescentou a enviada-especial à Rússia.
Assunto delicado
Pedimos a Ghazal para nos explicar melhor esta regra. Ela acei- tou, mas lembrou que é um assunto delicado e que, como tal, preferia não aprofundar muito. “A proibição existe há quase 40 anos, depois da revolução islâmica. Mas apesar de as mulheres não poderem entrar nos estádios, sempre foram grandes adeptas e sempre estiveram a par das notícias sobre a modalidade”, garantiu.
Quanto a Ghazal, aproveitou a etapa no Mundial da Rússia para dar mais um passo firme rumo ao grande objetivo. “O meu maior sonho é trabalhar para um grande e válido meio de comunicação durante uma competição importante. Sei que o desafio não será fácil de alcançar, mas, para já, posso dizer que foi ótimo para a minha carreira ganhar a experiência de estar a trabalhar neste Mundial”, reconhece. *