Record (Portugal)

Santos é o treinador da Seleção?

- RUI SANTOS

Quando, ao intervalo do jogo com Marrocos, e na saída do campo para as cabinas, as câmaras televisiva­s apanharam Cristiano Ronaldo a dizer para Fernando Santos que “estamos a jogar muito pouco”, ficámos com a certeza de que o ‘capitão’ da Selecção estava a ver, dentro do campo, aquilo que milhões de portuguese­s estavam a ver fora dele. No Mundial como no Europeu. Pouco futebol. Em França, ao cabo de duas jornadas, 2 pontos; na Rússia, 4 - e esta é, para já, a ‘parte boa’ da participaç­ão de Portugal no Campeonato do Mundo. O presidente da República, MRS, também corroborou as palavras de Cristiano Ronaldo e até o próprio Fernando Santos, no final, dizia que o resultado [do jogo com Marrocos] tinha sido injusto e que fora “inexplicáv­el” aquilo que havia visto em campo. O selecciona­dor nacional não joga, isto é, não é mais um sobre o relvado, mas participa no jogo e uma das suas obrigações é fazer com que as coisas aconteçam dentro das quatro linhas. Através das escolhas, das rectificaç­ões e muito através da capacidade de levar os jogadores a fazer aquilo que ele entende ser o melhor. Quando os jogadores não rendem e não interpreta­m aquilo que o treinador quer, o problema não é só dos jogadores; é também do treinador – e foi isso que, após o jogo com os marroquino­s, ficou estranho ouvir ao seleccio- nador. Dava a sensação, no meio das críticas aos atletas, que Fernando Santos não tinha nada a

NÃO ASSUMIR O JOGO NÃO PODE SER APENAS DA RESPONSABI­LIDADE DOS JOGADORES

ver com ‘aquilo’. Quem é, afinal, o treinador da Selecção? Cristiano Ronaldo, Jorge Mendes, as ‘justas causas’ ou, como às vezes não parece, o próprio Fernando Santos? Se a equipa não assume o jogo, não pega no jogo e se deixa dominar, o problema não pode ser apenas dos jogadores. Está na hora de Portugal assumir o jogo e o seu valor.

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