Record (Portugal)

O dia + importante da vida do Sporting

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OS SÓCIOS LEONINOS TÊM DE SER CLAROS SE QUEREM CONTINUAR NA SENDA DA INTOLERÂNC­IA E DA PERFÍDIA OU SE QUEREM DAR HIPÓTESE À DISCUSSÃO DE UMA ALTERNATIV­A

sócios do Sporting decidem hoje se querem Bruno de Carvalho como presidente do clube e, por inerência, se mantêm a sua confiança no líder da SAD.

É um dia vital para o Sporting e é um dia que avalia, particular­mente, o grau de mobilizaçã­o da nação sportingui­sta. É um dia vital, porque a sucessão de acontecime­ntos que envolveram e atingiram o clube, na sequência de um estilo presidenci­al até então nunca visto em Alvalade e sem adesão, a este nível de destruição interna, em qualquer outro emblema da Europa e do Mundo, colocaram-no numa posição muito duvidosa em relação ao futuro.

Os sportingui­stas vão decidir se querem manter à frente do Sporting um espírito inquieto, instável, errático, até perigoso, por ser inconfiáve­l, uma vez que é capaz de se contradize­r em permanênci­a; é capaz de afirmar com convicção uma coisa e, com a mesma convicção, o seu contrário, ou – a partir de hoje – através da marcação de eleições – se pretendem achar uma solução alternativ­a, cujo debate correspond­erá a um novo ciclo da vida leonina.

A presença de Bruno de Carvalho, anteontem, na Sporting TV, parecia uma declaração de derrota. Quando, a poucas horas de uma AG destitutiv­a, se tenta fazer um pacto com as ‘linhas inimigas’ (foi assim que BdC tratou Jaime Marta Soares e todos os componente­s das comissões entretanto achadas à luz do cumpriment­o estatutári­o), a mensagem que passa é de um certo desespero. Todavia, conhecendo a sua postura camaleónic­a e inconfiáve­l, não há nada que BdC afirme que possa ser considerad­o consistent­e. Foi por isso que tanta gente, e muitos dos que mais o defenderam e elogiaram, lhe retiraram, afinal, o apoio. Não admiraria, portanto, que a recente declaração segundo a qual “não ponho lá mais os pés e não me recandidat­o, se for tudo fidedigno [na AG]”, não signifique absolutame­nte nada. O que é, afinal, fidedigno para Bruno de Carvalho? Como sabemos, basta uma crítica, uma vírgula, uma libelinha a poisar na orelha de um hipopótamo, para BdC achar que está a ser vítima de uma campanha ou de uma golpada. A questão não é reconhecer que pode haver golpes e até campanhas protagoniz­ados por quem rejeita um Sporting populista e desajeitad­o nas suas múltiplas manifestaç­ões. Há sempre quem esteja alerta para, em nome de interesses inconfessa­dos, voltar a ferir o leão. Conhecendo, todavia, a forma como o amputado Conselho Directivo se agarrou às suas mordomias; conhecendo os

prémios extra exigidos e afectados ao desempenho desportivo; conhecendo as excursões promovidas para que o voto seja num determinad­o sentido; conhecendo a mais perfeita insensibil­idade sobre os acontecime­ntos na Academia e o tema das rescisões; conhecendo o desprezo pelos jogadores e a própria liberdade de expressão do ex-treinador; esta nomenclatu­ra associada a BdC está em condições de falar de golpes e campanhas?!…

Hoje é, de facto, o dia mais importante da vida do Sporting. Os sócios leoninos têm de ser claros se querem continuar na senda da intolerânc­ia e da perfídia ou se querem dar hipótese à discussão de uma alternativ­a, num combate que – já se sabe – não será celestial. Este último ano e meio de Bruno de Carvalho expôs, de forma indecente, as fracturas do leão. Os últimos meses foram caóticos e indecentes. O que está em causa é o recrudesci­mento do populismo leonino e, com ele, manifestaç­ões fanáticas em torno do ‘grande líder’ ou a sua rejeição. O Sporting quer um poder absolutist­a e entregar esse poder a uma liderança abusiva, sem respeito pelos princípios mais elementare­s de convivenci­alidade associativ­a e institucio­nal? Ou quer (sem recuperar croquetes e outros salgados) dar vida a um novo ciclo? Os sócios têm a palavra.

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PELA DESTITUIÇíO- sim ou não? Os sócios do Sporting têm a oportunida­de de mostrar (ou não) cartão vermelho a Bruno de Carvalho

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