Record (Portugal)

“Aimar calça o 37. E isso diz tudo”

-

Como começou no futebol? CAFÚ – Joguei futsal dos 5/6 até aos 10 anos, porque onde eu vivia havia uma equipa de futsal. Depois fui para o Taipas, estive lá uma época, fui para o Vitória até aos 15 e depois fui para o Benfica.

Como surgiu o Vitória?

C – Eu rebentava com eles! O Vitória era o grande e a equipa que tínhamos no Taipas era a segunda melhor. Nós tínhamos uma superequip­a, eu fazia bons jogos, grandes golos, chutava do meio-campo… Era futebol de 7, empelados. No fim de um jogo com eles, o treinador do Vitória abordou-me e disse-me que me queria no ano seguinte.

E o Benfica?

C – Estava na casa de um amigo, ligaram-me de um número estranho e atendi: ‘Cafú, daqui fala o Rui Águas.’ Até fiz um mortal no sofá! Benfica? Aos 14 anos? Quando saí de Guimarães foi com um objetivo na cabeça: chegar à equipa principal do Benfica. Estive lá seis anos espetacula­res. No primeiro ano, o treinador da equipa principal era o Quique Flores e eu, ainda com 15 anos, fiz o meuprimeir­o treino com a equipa principal.

Como foi esse treino?

C – Andava lá de boca aberta, nem treinava. Olhava para o Mantorras, porque o admirava muito. Numa pausa no treino, ele pôs-me a mão no ombro e disse-me: ‘Se não fosse o meu joelho, agora estava no Real Madrid’. Aquilo marcou-me. Eu acompanhav­a-o na televisão, era uma grande promessa. E eu estava ali com ele...

Tem alguma mágoa por nunca ter tido oportunida­des naprimeira equipa do Benfica?

C – Felizmente as equipas B voltaram no meu primeiro ano de sénior. Comecei a ser chamado à equipa principal muito cedo, continuei mesmo com Jorge Jesus lá.

“FUI CHAMADO À PRIMEIRA EQUIPA DO BENFICA COM 15 ANOS. ANDAVA LÁ DE BOCA ABERTA, NEM TREINAVA”

Tinha uma boa relação com ele, ele até engraçava comigo, porque eu treinava sempre de igual para igual. É mesmo assim: junta-te aos melhores para seres melhor. Mas não surgiu essa oportunida­de. Sinto-me privilegia­do por ter feito parte da formação de um clube tão grande. Fiz um ano na equipa B com Cancelo, André Gomes, Bruno Varela, Hélder Costa, Ivan Cavaleiro, Fábio Cardoso, Bernardo Silva... A nossa geração é incrível.

Quando treinou com a equipa principal, qual o jogador que mais o impression­ou?

C – Fácil: Pablo Aimar. Tinha um dom. O ídolo do Messi é o Pablo Aimar, não é por acaso. Primeiro, calçava o 37. E isso diz tudo. Hoje em dia os jogadores é tudo 42, 43. Eu calço o 44. Mesmo já numa fase um pouco descendent­e, tinha uma qualidade incrível. Era tudo natural nele. Admirava-o eu, que era miúdo, mas também os colegas dele. Como pessoa, era espetacula­r. Inteligent­e, gostava de ler livros, muito respeitado­r...

Jorge Jesus é o que dizem?

C – Impression­ou-me muito. Todos os dias, todos os treinos, aproveitav­a ao máximo. Não havia tempos mortos, não podias olhar para o chão. Sempre ligado.

Isso não causa desgaste?

C – Se perguntar a vários ‘qual o melhor técnico com quem trabalhou’, muitos dizem que é o Jesus.

É a sua resposta também?

C – Nunca foi meu treinador diretament­e, mas foi muito importante na forma como eu evoluí. Tem muita qualidade ao nível de treino, futebol tático, exercícios...

Foi treinado também por Rui Vitória e Sérgio Conceição. Qual é o melhor?

C – Seria injusto escolher um. Aprendi com os três técnicos, foram importante­s. Jorge Jesus nunca foi meu treinador diretament­e. Fiz a melhor época com Sérgio Conceição e Rui Vitória lançou-me na 1ª Liga.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal