Record (Portugal)

Messi? O artista foi outro

- LUKA MODRIC FOI MAIS

Messi? Por ali anda ele. Com aquele ar de miúdo inofensivo. Os dentes encavalita­dos. O sorriso tímido. Como quem parece ainda estar a dar uns toques por entre as muralhas da pitoresca cidade de Zadar, na Croácia, onde tudo começou. Da rua, do berço, das origens, trouxe a certeza de que a bola tem de ser bem tratada. Como uma batuta que faz mexer toda uma orquestra em harmonia. Sem a confundir. Sem a fazer desafinar. Dispensand­o o histerismo e os movimentos bruscos.

Essa criança cresceu. Tem 32 anos. E continua a jogar com a meninice da rua, mas agora transporta­da para sinfonias que encantam estádios. Os grandes estádios. Os grandes momentos. Veste a camisola

ARGENTINO DO QUE OS ARGENTINOS. UM REGALO. UM ENCANTO

10, sem sentir o peso, a obrigação e o egoísmo que tantas vezes aparece com esse número mágico. Recusa os tiques de vedetismo. Ora desliza no drible curto e desconcert­ante. Ora assume o papel do soldado que protege o seu meio-campo dos invasores.

Viaja entre a assertivid­ade do posicionam­ento e a elegância do passe. De toque em toque. Com acordes próprios que se tornam o ritmo do jogo. Com a tal batuta que trouxe das ruas de Zadar. Que usou no Tottenham e que levou para o Real Madrid. E que ergue ao serviço do seu país. Assim o fez frente à Argentina. Aquela equipa que tem Messi. E tudo o que esperamos de Messi. E tudo o que Messi nos costuma dar. Mas nesse dia o artista foi outro. Luka Modric foi mais argentino do que os argentinos. Um regalo. Um encanto. Fez um daqueles jogos para gravar. Na televisão. No computador. Na memória. No coração. Na galeria do futebol que nos faz sonhar acordados.

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