DESCIDAS POLÉMICAS
CA despromoveu nove juízes, mas nenhum soube sequer qual a própria avaliação
O Conselho de Arbitragem (CA) já informou os nove árbitros despromovidos (três de campo e seis assistentes) que não irão fazer parte dos quadros C1 e AAC1 na próxima temporada. Mas não houve classificação, pelo que nenhum deles pôde saber a própria avaliação, nem a obtida por outros árbitros. Por isso, acreditam que este método coloca em causa a transparência do sector e a meritocracia que tanto tem sido defendida desde que José Fontelas Gomes lidera o CA.
O CA acredita que a classificação colocava pressão sobre os árbitros e também sobre as próprias nomeações. Por isso, o novo método de escolha do quadro de juízes foi introduzido no início da tempora-
CA DEFENDE QUE CLASSIFICAÇÃO COLOCAVA PRESSÃO SOBRE OS ÁRBITROS E TAMBÉM NAS PRÓPRIAS NOMEAÇÕES
da e comunicado aos árbitros. A todos foi pedido que assinassem um documento onde se comprometiam a aceitar as novas diretivas mesmo que estas fossem contra o que está estabelecido no Regulamento de Arbitragem. “[Nome], declara, para efeitos da sua avaliação final referente à época 2017/18, que aceita as directivas de atribuição do grau de satisfação em vigor, mesmo que possa haver dissonância com as normas previstas no Regulamento de Arbitragem”, podia ler-se no documento que foi dado a assinar. José Fontelas Gomes chegou mesmo a avisar os árbitros que apenas iriam ser conhecidos os nomes dos despromovidos e o melhor do ano. Todos assinaram, embora alguns garantam agora que o fizeram por se sentirem pressionados: temeram que, se não o fizessem, fossem colocados de parte nas nomeações. As diretivas foram divulgadas no final de agosto do ano passado, através do comunicado oficial
número 64 da FPF. Nelas, eram explicados os critérios para “atribuição de grau de satisfação”, quer para árbitros C1 quer para assistentes (AAC1). Todos eles passaram a ser avaliados com base em sete pontos: desempenho em competição, desempenho como vídeo-árbitro, composição corporal, testes físicos, testes escritos, assiduidade (tanto a jogos como a treinos e sessões de formação) e conhecimentos de inglês. Mas nenhum árbitro foi informado de qual o peso de cada um dos fatores de ponderação na avaliação final. Por isso, nem sequer tiveram conhecimento da ‘nota’ que lhes foi atribuída.
O CA entende que este novo método segue o que é feito noutras federações, na FIFA e até na UEFA, que também não divulgam a classificação de juízes. Além das diretivas no tal comunicado oficial número 64, são também usados critérios subjetivos para avaliação dos juízes, beneficiando aqueles que têm, no entendimento do CA, mais perspetivas de futuro e os que dão, no imediato, mais garantias para jogos de grau de dificuldade elevado. Para o órgão, é uma forma de ter margem para escolher o melhor quadro de árbitros possível; para os juízes que agora contestam o método, retira transparência ao processo. *