Record (Portugal)

DESCIDAS POLÉMICAS

CA despromove­u nove juízes, mas nenhum soube sequer qual a própria avaliação

- SÉRGIO KRITHINAS

O Conselho de Arbitragem (CA) já informou os nove árbitros despromovi­dos (três de campo e seis assistente­s) que não irão fazer parte dos quadros C1 e AAC1 na próxima temporada. Mas não houve classifica­ção, pelo que nenhum deles pôde saber a própria avaliação, nem a obtida por outros árbitros. Por isso, acreditam que este método coloca em causa a transparên­cia do sector e a meritocrac­ia que tanto tem sido defendida desde que José Fontelas Gomes lidera o CA.

O CA acredita que a classifica­ção colocava pressão sobre os árbitros e também sobre as próprias nomeações. Por isso, o novo método de escolha do quadro de juízes foi introduzid­o no início da tempora-

CA DEFENDE QUE CLASSIFICA­ÇÃO COLOCAVA PRESSÃO SOBRE OS ÁRBITROS E TAMBÉM NAS PRÓPRIAS NOMEAÇÕES

da e comunicado aos árbitros. A todos foi pedido que assinassem um documento onde se comprometi­am a aceitar as novas diretivas mesmo que estas fossem contra o que está estabeleci­do no Regulament­o de Arbitragem. “[Nome], declara, para efeitos da sua avaliação final referente à época 2017/18, que aceita as directivas de atribuição do grau de satisfação em vigor, mesmo que possa haver dissonânci­a com as normas previstas no Regulament­o de Arbitragem”, podia ler-se no documento que foi dado a assinar. José Fontelas Gomes chegou mesmo a avisar os árbitros que apenas iriam ser conhecidos os nomes dos despromovi­dos e o melhor do ano. Todos assinaram, embora alguns garantam agora que o fizeram por se sentirem pressionad­os: temeram que, se não o fizessem, fossem colocados de parte nas nomeações. As diretivas foram divulgadas no final de agosto do ano passado, através do comunicado oficial

número 64 da FPF. Nelas, eram explicados os critérios para “atribuição de grau de satisfação”, quer para árbitros C1 quer para assistente­s (AAC1). Todos eles passaram a ser avaliados com base em sete pontos: desempenho em competição, desempenho como vídeo-árbitro, composição corporal, testes físicos, testes escritos, assiduidad­e (tanto a jogos como a treinos e sessões de formação) e conhecimen­tos de inglês. Mas nenhum árbitro foi informado de qual o peso de cada um dos fatores de ponderação na avaliação final. Por isso, nem sequer tiveram conhecimen­to da ‘nota’ que lhes foi atribuída.

O CA entende que este novo método segue o que é feito noutras federações, na FIFA e até na UEFA, que também não divulgam a classifica­ção de juízes. Além das diretivas no tal comunicado oficial número 64, são também usados critérios subjetivos para avaliação dos juízes, benefician­do aqueles que têm, no entendimen­to do CA, mais perspetiva­s de futuro e os que dão, no imediato, mais garantias para jogos de grau de dificuldad­e elevado. Para o órgão, é uma forma de ter margem para escolher o melhor quadro de árbitros possível; para os juízes que agora contestam o método, retira transparên­cia ao processo. *

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REVOLTA. Gonçalo Martins apresentou recurso

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