Record (Portugal)

Melhorias esbarram na eficácia uruguaia

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Portugal entrou no seu 4.º jogo do Mundial com o seu sistema habitual (4x4x2 clássico). Ofensivame­nte continuamo­s a privilegia­r as idas de João Mário e Bernardo Silva para dentro com os laterais Ricardo e Raphaël a envolverem-se bastante no ataque. A utilização de Ricardo neste jogo teve o objetivo de dar maior profundida­de ao corredor direito a atacar, libertando mais Bernardo Silva para espaços interiores. Portugal entrou bem, mas no 1.º erro sofreu golo.

O erro surge quando a bola varia, e ao variar o lateral Raphaël Guerreiro não é suficiente­mente rápido a fechar o espaço nas costas de Fonte, que procurou Cavani para marcar dentro da área, mas este estava ao 2.º poste, aproveitan­do a falta de cobertura do lateral (que estava atrasado) para marcar e fazer o 1-0. [1].Portugal começou assim praticamen­te a perder. O Uruguai bai- xou as linhas, defendendo muitas vezes com 9 jogadores, em 5x4x1 ou em 4x5x1, muito perto da sua baliza. Contra este bloco baixo, Portugal começou a mandar no jogo, mas sem ser assertivo em zona de finalizaçã­o.

Ronaldo e Guedes muitas vezes estavamlon­ge daárea, para serem estes a apoiar os corredores laterais. Estes movimentos davam posse, mas dificultav­am o preenchime­nto da área contrária. Jogadores como Bernardo, João Mário e mesmo Guedes, não são feitos para jogar nas alturas e sem espaço nas costas. Ronaldo era a única referência séria na área. Pedia-se EFICÁCIA. Raphaël a chegar atrasado às costas de Fonte e, com isto, a deixar espaço livre para o uruguaio marcar golo. Após variação, pedia-se cobertura mais rápida ao segundo poste. O Uruguai foi eficaz

mais remate exterior, por exemplo de Bernardo, a vir para dentro, e que Adrien ou William pudessem ajudar mais os laterais e interiores a criarem desequilíb­rios vindos de trás. Pedia-se, também, que Guedes e Ronaldo ficassem mais na área com a ajuda de Bernardo e João Mário no preenchime­nto.

Defensivam­ente, Portugal esteve bem, com boas compensaçõ­es de William aos corredores, com os centrais portuguese­s a serem agressivos nos duelos, centrais que estiveram constantem­ente expostos ao 1x1 com Suárez e Cavani. Os posicionam­entos no 4x4x2 clássico chega-

NA ÁREA. TREINADOR DO ESTORIL E CAMPEÃO DE PORTUGAL EM 2017/18 PELO MAFRA

vam para um jogo direto uruguaio, que nunca quis construir a partir de trás. O equilíbrio era bom, não permitindo contra-ataques. Na 2.ª parte, o selecionad­or (bem) colocou Bernardo a 10, fixou Ronaldo a ponta-de-lança e deu maior liberdade a Adrien, que se comportou como um 8: fe-

FALHANÇO.

chava ao lado de William a defender e libertava-se para atacar, quando Portugal tinha bola. Portugal atacava em 1x4x1x2x3 [2], com Adrien e Bernardo mais perto de zonas de finalizaçã­o, a procurarem mais movimentos de aproximaçã­o à área adversária ou ruturas no corredor lateral.

A subida dos laterais também foi mais recorrente, e Portugal colocou mais vezes quatro e cinco jogadores na área. Este assédio foi coroado com o golo de canto, fotocópia do golo frente a Marrocos (houve trabalho). Canto curto, para desmobiliz­ar as marcações individuai­s, e Pepe, liberto, a fuzilar Muslera e a empatar. Taticament­e, Portugal era superior. O pior chegou de seguida, com mais uma vez o Uruguai a utilizar o jogo direto. A exposição constante dos centrais ao duelo individual no ar, em zona intermédia, pode originar estes desequilíb­rios... e originou [3].

Há treinadore­s que preferem colocar os médios a defender este jogo direto e deixar a zona central defensiva intacta. Neste lance, Cavani aproveitou que Raphaël fechou espaço liberto por Pepe – que foi à frente disputar a 1.ª bola – e colocou a bola ao 2.º poste, com Patrício muito puxado ao 1.º poste. Quaresma entrou para dar mais qualidade aos cruzamento­s, André para fazer companhia a Ronaldo na área e Manuel Fernandes para dar remate exterior a Portugal, tudo boas soluções que esbarraram sempre na altura e quantidade de homens a defender por parte do Uruguai.

PORTUGAL MANDOU NO JOGO, MAS SEM SER ASSERTIVO EM ZONA DE FINALIZAÇíO

Taticament­e foi feito o suficiente neste jogo, mas o acerto de Cavani, a aproveitar os nossos poucos erros defensivos, acabou por estragar as contas de todos e retirar Portugal do Mundial.

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