SIM AOS ESTRANGEIROS PELA COMPETITIVIDADE
Benfica quebra tradição após independência das ex-colónias para dar luta a Sporting e FC Porto
AG HISTÓRICA FOI HÁ 40 ANOS “FOI ALGO QUE ESTAVA A SER PREPARADO UMA OU DUAS ASSEMBLEIAS ANTES. ERA DIFÍCIL COMPETIR COM OS RIVAIS” JORGE ARRAIS, dirigente do Benfica
Há exatamente 40 anos o Benfica quebrava uma das maiores tradições da equipa de futebol, ainda que a mesma não estivesse inscrita em qualquer regulamento. A 1 de julho de 1978, 347 sócios dos 534 presentes votaram a favor da utilização de jogadores estrangeiros numa quente assembleia geral, que teve um primeiro ‘round’ a 29 de outubro de 1976, na AG que havia recebido um veto à proposta. “Foi algo que começou a ser preparado uma ou duas assembleias antes. Estávamos a ver que passaria a ser a realidade mais tarde ou mais cedo, mas tínhamos de respeitar sempre a opinião das pessoas”, lembrou a Record o então secretário-geral da direção, Jorge Arrais, que hoje continua como dirigente no mesmo clube, aos 86 anos. O filão africano das ex-colónias ‘esgotou’ com a independência das mesmas depois do 25 de Abril de 1974 e os sócios pediam mudanças ao emblema bicam- peão europeu, só com portugueses. “Já era difícil rivalizar com Sporting e FC Porto sem os jogadores das antigas colónias. Nem sempre se arranjavam bons jogadores cá dentro”, acrescentou Arrais, que agora ocupa o cargo de 1º secretário da Mesa da AG. Do brasileiro Jorge Gomes ao norte-americano Keaton, último estrangeiro a estrear-se, contamse 228 não-nativos em Portugal, algo que o dirigente vê como “a abertura normal de mercado”. “Passou a ser tudo mais caro e até quem era fiel aos seus princípios, como os ingleses, se rendeu”, evidenciou, recordando que a presença era uma realidade entre os treinadores ou no basquetebol.