Record (Portugal)

O Mundial das grandes pessoas

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Um homem cego e surdo. Sentado num restaurant­e em Bogotá. Com as mãos sobre um quadro de um campo de futebol. E a ajuda de um amigo. A guiá-lo por cada momento do jogo entre Colômbia e Polónia. Por cada instante. Um invisual que pôde vibrar com a vitória da sua seleção. Na próxima terça-feira, provavelme­nte, José Galego irá fazer o mesmo durante o encontro que vai opor colombiano­s a ingleses. Com um coração que finta todas as suas limitações. Terá à sua frente Cesar

O MUNDIAL NÃO É SÓ PARA OS QUE O VEEM MAS TAMBÉM PARA OS QUE O SENTEM

Daza. O amigo que criou gestos para tudo, desde faltas, cantos, livres diretos e penáltis.

Há outras histórias assim. Noutros países. Como a do brasileiro Carlos, também cego e surdo, e de Hélio, o seu intérprete. Em tudo semelhante. Em tudo igualmente comovente. Porque o Mundial não é apenas dos que o veem, mas de todos os que o sentem.

Uma criança de 8 anos sem dinheiro para comprar os cromos e a caderneta. Perdeu o pai quando tinha apenas dois anos. A mãe trabalha num supermerca­do. Têm pouco, muito pouco. Pedro via os amigos na escola a fazerem a coleção e não podia acompanhá-los. Mas encontrou uma solução. Desenhou 126 jogadores e fez um caderno à mão com o espaço para colocar cada uma das figuras. A mãe teve medo que gozassem com o filho na escola. Pelo contrário. O seu esforço foi elogiado por colegas e professore­s.

Porque o Mundial não é só para os que podem, mas de todos os que o querem. Porque o Mundial pode ser apenas a cada quatro anos, mas as histórias desta gente tão boa fazem parte do Mundo todos os dias.

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