Record (Portugal)

“SENTI-ME O MANTORRAS DO SANTA CLARA”

É o elemento mais experiente do plantel açoriano e, na época anterior, saído do banco, contribuiu com vários golos em momentos decisivos, tornando-se um talismã para os adeptos, que deliravam sempre que entrava em campo CLEMENTE

- TEXTOS JOÃO LOPES FOTO NUNO GOMES

“AS BALIZAS NA1ª LIGA TÊM O MESMO TAMANHO QUE NA2ª. NA1ª HÁÉ MUITO MENOS OPORTUNIDA­DES PARA MARCAR ”

Marcou vários golos decisivos na 2.ª Liga e contribuiu de formadeter­minante para asubida do Santa Clara. Como foi?

CLEMENTE – Foi uma sensação fantástica. Já tinha subido noutros clubes, do continente – é a minha quarta subida –, mas subir um clube da minha terra é diferente. E logo à 1ª Liga. Já tinha uma subida à 1ª Liga, com o Arouca e agora tive oportunida­de de fazê-lo com o Santa Clara, depois de um trajeto de quatro anos, que foram muito difíceis, de muita luta, de muita garra, de construção de um grande plantel, que terminou com a subida, que era aquilo que todos os açorianos queriam.

Sentiu esta subida de uma forma especial?

C – Para mim, é um prémio de carreira, perante aquilo que fiz até ao momento. Já tenho 170 golos na carreira e ao fim destes 170 golos é que vou chegar à 1ª Liga. Agradeço ao Santa Clara a oportunida­de que está a dar-me, de provar o meu valor na 1ª Liga. As balizas na 1ª Liga têm o mesmo tamanho que na 2ª. Na 1ª há é muito menos oportunida­des para marcar e temos de estar muito mais concentrad­os. Enquanto na 2ª temos três ou quatro oportunida­des, na 1ª temos uma ou duas e temos de aproveitar logo.

Essa vai ser a maior dificuldad­e?

C – A dificuldad­e é essa. Agora, estou muito confiante, acredito muito no meu trabalho. Fiz muitos golos com equipas da 1ª Liga. Na Taça de Portugal. Ainda este ano, entrei a 10 minutos do fim e tive a felicidade de fazer o golo contra o Belenenses. Acredito muito em mim, que vou ser feliz e ajudar o Santa Clara quando precisar de mim.

O presidente do Santa Clara referiu-se recentemen­te a si como ‘São Clemente’. Sente-se o ‘São Clemente’ desta equipa?

C – Aquilo que digo aos meus companheir­os é que um jogador de futebol tem de ser uma pessoa inteligent­e. E eu considero-me uma pessoa inteligent­e. Num ano fiz 13 golos, no outro fiz 15 e na época anterior 16. Neste último ano, vi o plantel que foi formado, vi o modelo de jogo da equipa, vi que ia jogar com jogadores móveis, jogadores com qualidade, como o Fernando e o Santana, e sabia que o meu tempo de jogo ia ser reduzido.

Foi aí que decidiu ‘mudar’?

C –Enfrentei o problema e tentei arranjar a solução, que era motivar-me ao máximo para quando tivesse de entrar. Dizia, na brincadeir­a, aos meus companheir­os, que eu era mais um bónus que eles tinham ali… Sabia que, quando o jogo estava partido, quando os adversário­s estavam mais desgasta- dos, jogar 10 ou 15 minutos podia fazer a diferença. E foi o que fiz. Consegui fazer 7 golos a partir do banco, que me deixaram muito feliz, por dar alegrias aos adeptos do Santa Clara e ajudar os meus companheir­os, não sendo um problema, mas uma solução para o Santa Clara, independen­temente de jogar ou não jogar.

Tornou-se mais um jogador de equipa?

C – Estou sempre disponível para

ajudar. Por isso é que o presidente diz que o ‘São Clemente’ entrava e fazia golos. Entrava 5, 10, 15 minutos e os adeptos faziam uma festa. Muitas vezes, senti-me o Mantorras do Santa Clara. Os adeptos faziam uma festa tão grande que eu pensava: se acreditam tanto em mim, eu sou capaz de fazer. E as coisas aconteciam. Fui decisivo, consegui contribuir com muitos golos, mas, sem dúvida, o mérito foi de toda a equipa. *

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