Record (Portugal)

A ÁGUIA TEVE UMA TONTURA

Os donos do jogo marcaram e ficaram com a vitória nas mãos; sofreram o empate, desorienta­ram-se e abanaram durante alguns minutos

- CRÓNICA DE RUI DIAS

Um golo de Gedson, aos 26 minutos, foi o suficiente para que o Benfica administra­sse como quis a superiorid­ade que sempre revelou sobre o Fenerbahçe. E nem mesmo o empate, consentido à beira do intervalo, foi suficiente para equacionar a eliminatór­ia, ainda que tenha alterado ligeiramen­te o rumo do jogo. O golpe sofrido pelos encarnados constituiu manancial de nervos relevante, ao ponto de a equipa ter duvidado de si mesma; de ter travado ímpetos de conquista, colocada perante a iminência de um golo adversário; de ter olhado quase exclusivam­ente para a qualificaç­ão, abdicando de dar seguimento a uma supremacia que, afinal, foi clara desde o jogo da primeira mão. A águia teve uma tontura, abanou mas nunca foi verdadeira­mente posta em causa.

Mas significa isto que o Benfica sofreu para consumar a passagem ao playoff da Champions? É exagerado dizê-lo, mas para quem se mostrou tão superior não foi bonito ver, durante um curto período do segundo tempo, uma equipa desorienta­da, a defender-se com pouco critério, apenas para salvar a pele. Nesse período, valeu que o Fenerbahçe é uma formação mais modesta, que ameaçou mas não cumpriu, num jogo em que, no último lance, André Almeida podia ter oferecido a vitória.

Comando absoluto

O jogo foi sempre o que o Benfica quis fazer dele. Os encarnados procuraram arrefecer o inferno e conseguira­m-no; propuseram-se acalmar o ímpeto ao adversário e, com pouco tempo de jogo, o Fenerbahçe era uma equipa esforçada mas inconseque­nte; a eliminatór­ia continuava em aberto mas a autoridade benfiquist­a era tal, que a vantagem parecia ser maior do que o resultado deixava entender. Dessa primeira abordagem, a equipa de Rui Vitória evoluiu para a tentativa de jogar mais próximo da baliza turca, reclamando para isso a posse de bola, avançando as linhas e pressionan­do o antagonist­a com dois efeitos claros: pouca capacidade turca em sair para o meio campo português e, a partir de certa altura, muitas dificuldad­es em travar a gradual evolução do jogo benfiquist­a. Em contramão com a precipitaç­ão dos locais, a águia impôs-se tranquila, até chegar ao golo, conseguido aos 26 minutos, por Gedson. Os efeitos desse lance foram nefastos para o Fenerbahçe, cada vez mais subjugado pela equipa encarnada que, de um modo ainda mais evidente, tomava conta das operações. De tal forma a diferença era grande, que nem a saída de

Castillo por lesão se sentiu, porque Ferreyra entrou bem, e aos 43 minutos podia ter feito o segundo golo. No fim, bastou múltipla desatenção para o empate inimagináv­el: cruzamento da esquerda (Salvio macio), para cabeça de Potuk (Grimaldo atrasado), com Vlachodimo­s a fazer-se tarde ao lance. Sem saber bem como, o Fenerbahçe chegava ao intervalo empatado.

Turcos pressionam

Na segunda metade tudo foi mais evidente. Os turcos justificar­am o golo do empate, à custa de uma pressão gradual que recuperou o inferno e empolgou os adeptos; correu riscos, ao passo que as águias perderam iniciativa, bola e comando das operações. O Benfica desuniu-se e, depois de tanta superiorid­ade, perdeu a lucidez, e durante algum tempo tratou apenas de salvar-se do sufoco adversário, crescente até ao último quarto de hora –quando Rui Vitória trocou Salvio por Alfa Semedo, equilibran­do as forças na intermediá­ria. A partir daí, com Pizzi na direita e Gedson à frente da dupla Fejsa-Alfa, a equipa reencontro­use e deixou de estar à mercê de um adversário para quem o tempo deixou marcas nos seus futebolist­as. O Benfica empatou e fez a festa. Era o que faltava não a fazer! *

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