Record (Portugal)

AS VANTAGENS DE NELSON Outros veteranos medalhados

- NORBERTO SANTOS

Faltam dois anos para Tóquio e os 34 do português mostram que ainda é um novato

Nasceu para as grandes conquistas e idade não parece pesar no corpo de Nelson Évora, que, aos 34 anos, confirma ter aptidões para acreditar em outros sucessos, não sendo de descurar a entrada na luta pelas medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.

E o que pode fazer a diferença no caso de Nelson Évora? Acima de tudo, as qualidades genéticas, tipo de morfologia e uma vontade imensa de não deitar a toalha ao chão em momentos de desânimo. Tendo passado por várias gerações, poder-se-ia dizer que Nelson Évora pode ser visto como um veterano. O bilhete de identidade aponta para isso, mas com Nelson sucede o contrário. O sportingui­sta tem evoluído com a idade, conhece bem o seu corpo e respeita os sinais de quando tem pequenos toques físicos. No meio de tudo isto, o antigo campeão olímpico tem sabido adaptar-se às mudanças que operou na sua vida a seguir ao 6º lugar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, quando decidiu mudar-se para Espanha para se treinar sob a orientação do cubano Ivan Pedroso. O recente salto que lhe deu a medalha de ouro no Europeu em Berlim, naquele que foi o primeiro título ao ar livre após o ouro nos Jogos de Pequim, é o exemplo mais acabado. Execução técnica irrepreens­ível e uma harmonia perfeita da junção de todas as peças: corrida de balanço, velocidade, chamada e força explosiva. Tudo isto são vantagens acrescidas para Nelson Évora quando faltam dois anos para pisar o Estádio Olímpico de Tóquio. O português distingue-se dos demais pela sua ligeireza e plasticida­de de movimentos.

E, em boa verdade, os 34 anos são como que um certificad­o de garantia. Se não tiver lesões graves, Nelson sabe preparar-se para os grandes momentos. E só isso é que é importante na sua vida. Também não faltam bons exemplos e outras referência­s para acreditar na possibilid­ade de Nelson chegar às medalhas olímpicas. O italiano Fabrizio Donato foi o último trintão a chegar a um pódio. Tinha 35 anos (faltavam apenas cinco dias para completar 36 anos), quando o transalpin­o foi 3º nos Jogos de Londres em 2012, atrás dos norte-americanos Christian Taylor e Will Claye. Agora é chegada a vez de Nelson Évora... * Num estudo elaborado com base nos resultados dos medalhados olímpicos na prova do triplo salto desde 1980 há o registo de 5 atletas com medalhas com mais de 30 anos, o que representa 16,6 por cento do total. Depois de ter sido 3 vezes campeão olímpico pela então União Soviética em 1968, 1972 e 1976, Viktor Saneyev conseguiu a prata em Moscovo (1980) com 34 anos. Foi preciso esperar 16 anos para no pódio do triplo vermos mais trintões. Aconteceu em 1996 (Atlanta), com ouro para o norte-americano Kenny Harrison (31 anos) e prata para o inglês Jonathan Edwards (30 anos). O mesmo Edwards chegou ao ouro em Sydney (2000) com 34 anos, e depois temos Fabrizio Donato com bronze aos 35 anos, em Londres.

ÚLTIMO TRINTÃO A CHEGAR AO PÓDIO NOS JOGOS OLÍMPICOS NO TRIPLO SALTO FOI DONATO, EM LONDRES’2012

MEDALHADOS OLÍMPICOS MAIS VELHOS NO TRIPLO

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SALTO. O campeão europeu do triplo aponta aos Jogos de Tóquio

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