Reforços são os ‘jovanes’
Quando Rio Ave e Portimonense são as grandes figuras do fecho do mercado em Portugal, fruto das inscrições de Fábio Coentrão e Jackson Martínez, no mínimo alguém tem de acordar e cheirar o café. O dado mais desconfortável para quem prefere fazer-se distraído é que, segundo uma estimativa conservadora de Record, os três grandes investiram a enormidade de 70,9 milhões de euros em 31 contratações para 2018/19. Isto ainda sem os encargos adicionais e os salários inflacionados. Mesmo assim, e olhando às quatro jornadas já realizadas, das 132 vagas de titular oferecidas por dragões, águias e leões, 118 foram para jogadores que já estavam ligados a esses clubes.
Indo mais longe, e escalpelizando essas novidades nos onzes, vemos que Vlachodimos já era do Benfica em outubro de 2017, que Raphinha foi garantido em janeiro e que tanto Nani como Ferreyra chegaram a custo zero, com a agravante de o leão praticamente fazer parte da mobília. No FC Porto, só agora Éder Militão avançou e quebrou o tabu. E apontar o dedo às lesões de Mbemba ou Castillo para justificar a razia só leva a que as exceções pontuais confirmem a regra. Portanto, esse dispêndio monstro, na melhor das hipóteses, está depositado nos bancos... de suplentes.
Alufada de ar fresco que deleita volta a soprar das ‘camadas jovanes’. Sim, o agitador Jovane Cabral espanta pelo seu descaramento, mas atenção ao nível elevado de Gedson Fernandes e João Félix, bem como à ousadia com que André Pereira e Diogo Leite se revelaram numa fase crítica. Até agora, são estes os verdadeiros reforços na elite da 1.ª Liga. Custam pouco e acabam por render os milhões que os clubes, esses reféns do consumismo, depois esbanjam em segundas linhas pagas como artigos de luxo.