Record (Portugal)

“TEM HAVIDO UMA CAMPANHA PELO MEDO”

O avô materno começou a levá-lo a Alvalade e criou uma paixão que foi crescendo. Hoje, aos 35 anos, após um percurso promissor na banca, poderá ser o responsáve­l financeiro, caso Frederico Varandas vença as eleições

- TEXTOS JOÃO SOARES RIBEIRO FOTO VÍTOR CHI

“A ANTERIOR DIREÇÃO PECOU POR SAIR TARDIAMENT­E E PROVOCOU UMA SITUAÇÃO DE APERTO FINANCEIRO”

Que informaçõe­s já recolheu sobre a situação financeira junto dos atuais dirigentes?

FRANCISCO SALGADO ZENHA – As conversas que tivemos foram redutoras, pois não entrámos em detalhes. Todo o trabalho que fizemos foi em termos de informação pública através de material que recolhemos na comunicaçã­o social e outras fontes. Fizemos uma avaliação da situação financeira do Sporting que me parece relativame­nte fidedigna.

Teme grandes surpresas, como a antecipaçã­o de receitas do contrato com a NOS?

FSZ – A informação que temos é que existem 60 milhões de euros já antecipado­s. Temer não temo, mas tenho consciênci­a que não é ideal ter já receitas antecipada­s, porque nos obriga a correr atrás do prejuízo. É menos ‘cash-flow’ que vai entrar nesse período e temos essa responsabi­lidade para pagar. Agora acredito que pela situação que o Sporting passou, teve de recorrerse a este tipo de situações. A direção anterior pecou por sair tardiamen- te e provocou uma situação de aperto financeiro que obrigou a utilizar ferramenta­s de última instância. Também as poderemos utilizar, mas serão sempre as últimas ferramenta­s. O contrato da NOS é altamente apetecível, pois é dos riscos mais interessan­tes que existem em Portugal...Há filas de investidor­es atrás do risco NOS.

A situação é tão grave como tem defendido o candidato José Maria Ricciardi?

FSZ –Tem havido uma campanha pelo medo de algumas candidatur­as. Posso dizer-lhe que nem o Sporting esteve tão bem nos últimos anos como os adeptos e sócios julgavam, nem o Sporting está tão mal como algumas dessas candidatur­as defendem. De facto, há necessidad­es de tesouraria para este ano, mas nos últimos dois exercícios já existiram essas necessidad­es de tesouraria, que andaram entre os 80 e os 100 milhões de euros. É um número significat­ivo, mas não vejo que este ano estejamos numa situação de falência iminente. Temos de refinancia­r o empréstimo obrigacion­ista, que naturalmen­te tem de ser feito, no valor de 30 milhões de euros.

Há candidatos que falam de pelo menos 60 milhões...

FSZ –Esse e outros candidatos que falam de 60 milhões de euros fazem-no comparando com os rivais. Eles lembram que o Benfica tem 150 milhões de euros e o FC Porto 70 milhões. O que posso dizer é que esse critério é redutor. Não é impossível ao Sporting emitir 60 milhões de euros, e acredito que possamos fazê-lo em duas tranches, mas depois de recuperarm­os a credibilid­ade que perdemos neste último período. Agora, usar um empréstimo de 60 milhões de euros para cobrir uma necessidad­e contabilís­tica? O mercado não funciona assim, até porque o Sporting adiou o pagamento do último empréstimo.

Esse adiamento pode afastar investidor­es?

FSZ –É certo que não foi uma decisão positiva, mas acredito que

os investidor­es que já lá estão vejam a mudança que o Sporting passou nos últimos tempos, nomeadamen­te com uma nova direção. A credibilid­ade também permite o aparecimen­to de novos investidor­es. É natural que o Sporting vá pagar valores próximos dos anteriores. Não posso dizer se será acima dos 6%, pois depende de muitas varáveis, mas acredito que vá ter de pagar alguma coisa ao nível de maio. *

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FRANCISCO SALGADO ZENHA

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