Record (Portugal)

Confiança q.b.

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No passado, ainda sem VAR, todos os árbitros confiavam nos seus colegas de equipa? Esta questão raramente se colocou. Normalment­e, numa situação de jogo quando era dada a informação e/ou sinalética (visível) de um elemento da equipa para o árbitro, este agia em conformida­de. Realcei ‘visível’ porque era isso que fazia a diferença na ‘confiança’ existente, ou seja, a decisão seria sempre associada a quem fez a sinalética e não ao árbitro. Em situações em que a informação era ‘invisível’, por exemplo através do sistema de comunicaçã­o, muitos árbi- tros ignoravam para não terem de assumir uma decisão difícil. Confiança é incompatív­el com a realidade da nossa arbitragem. Um sis- tema com classifica­ções individuai­s não pode exigir ‘confiança’ entre os elementos da equipa de arbitragem. Todos eles estão a trabalhar para classifica­ções individuai­s, independen­temente do sucesso/fracasso do trabalho de toda a equipa. Num jogo onde um erro grave teve influência direta no resultado final, ainda é possível existirem elementos da equipa com notas muito positivas, sendo punido somente quem foi o responsáve­l pela decisão errada em causa. Será justo chamar ‘equipa de arbitragem’ quando situações destas acontecem? Esta realidade potencia o divisionis­mo e a hipocrisia na arbitragem. Na última jornada, voltámos ao passado quando uma situação clara e inequívoca de cartão vermelho passou impune. Sendo apelidados como ‘equipa de arbitragem’, todos os elementos sem exceção deviam ser punidos pelo erro cometido e ninguém pode sair desse jogo a ‘ganhar’ pelo ‘seu’ trabalho quando toda a arbitragem ficou a ‘perder’. Alterar os regulament­os, voltar às equipas fixas e atribuir nota final conjunta à equipa de arbitragem seria mais justo e acabaria com a “confiança q.b.” *

4.ª

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