Record (Portugal)

Eleições e a Toupeira

- Texto escrito na antiga ortografia Rui Calafate Consultor de comunicaçã­o

Amanhã, o Sporting vai a votos e sinto que a nação leonina ainda tem um elevado grau de indecisão. E é fácil de explicar porquê. O elevado número de candidatos e debates só trouxe à luz que esta é uma eleição sem paixão. Os sportingui­stas tiveram dificuldad­e na escolha porque não há um líder carismátic­o e ninguém conseguiu verdadeira­mente empolgar.

Por isso, a opção final nas urnas terá como eixo fundamen

tal a escolha do mal menor. Costumo explicar que há ciclos de poder e que depois de uma liderança longa vem uma presidên- cia curta e de transição e esse será um dos maiores desafios de quem for eleito: consolidar-se no poder, agregar uma família desavinda e trazer as águas calmas que o clube necessita.

Explico melhor esta questão

do ciclo de poder, só com exemplos portuguese­s. No PSD, depois da longa liderança de Cavaco, veio Nogueira. Depois de Durão, Santana, após Passos Coelho suspeito que Rio esteja pouco tempo. No PS, depois de Soares apareceu o brevíssimo Constâncio, após Guterres veio Ferro Rodrigues e a seguir a Sócrates saiu Seguro. Saltemos para o que interessa, o Sporting, e a partir de João Rocha. Depois dele, passou Amado de Freitas. Após Cintra, saiu Santana e a seguir a Bruno o que virá. Está assim esclarecid­a essa minha tese que acontece após lideranças longas-líderes curtos e de transição. Desejo que o próximo presidente do Sporting tenha a solidaried­ade e a compaixão dos sócios e adeptos para que o deixem trabalhar. Qualquer que seja a escolha, cabe a nós apoiar, sabendo que há temas que devem nortear a sua es- tratégia. Uma aposta clara no futebol e na Academia, manutenção das modalidade­s competitiv­as, encarar a comunicaçã­o, um dos maiores desastres do Sporting nas últimas décadas, de maneira profission­al, voltar a estar forte nos centros de influência, robustecer a situação financeira e acabar de vez com as guerrilhas internas judiciais. É uma tarefa hercúlea, mas desejo as maiores felicidade­s para quem ganhe as eleições.

Por todo o Mundo se falou da alegada corrupção do Benfica. Até o insuspeito ‘Washington Post’ tocou no assunto. Agravíssim­a acusação que impende sobre as águias, lavrada pelo Ministério Público, é um enorme dano reputacion­al para o emblema e belisca ferozmente a indústria do futebol em Portugal. Na SAD são 30 e a Paulo Gonçalves, um homem que se licenciou no submundo da bola no Porto e se doutorou no Boavista, são 79 os crimes imputados. Grave, acima de tudo, a invasão de um poder do Estado através de mais de 500 acessos a processos em segredo de Justiça. E é de salientar que são inúmeros os casos que ligam o clube da Luz a processos que levam a pensar que não há vergonha, na tentativa do Benfica ganhar com batota, e isso é a maior bicada na ética e na transparên­cia de uma competição que só deve ser decidida dentro de campo. Somemos ao caso da Toupeira, ‘Mala Ciao’, vouchers, mails, Porta 18, Operação Lex e vemos o clube, ou pessoas a ele ligadas, envolvidas em práticas que devem ser repudiadas por pessoas de bem. Tenho a certeza que nenhum benfiquist­a gosta de ver o seu clube nesta teia de acusações e arguidos constantes. E é tempo de as autoridade­s competente­s não assobiarem para o lado, como se nada fosse com elas, e agirem em prol da verdade desportiva.

UM DOS DESAFIOS DO PRÓXIMO PRESIDENTE DO SPORTING SERÁ CONSOLIDAR O PODER É TEMPO DE AS AUTORIDADE­S COMPETENTE­S NÃO ASSOBIAREM PARA O LADO, COMO SE NADA FOSSE COM ELAS, E AGIREM EM PROL DA VERDADE DESPORTIVA

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