O peso da culpa
permanência de Paulo Gonçalves no Benfica está a tornar-se desconfortável para os dirigentes do clube. O nome do assessor jurídico foi omitido na declaração de Luís Filipe Vieira que procurou tranquilizar sócios e adeptos depois de formalizada a acusação relativamente ao processo E-Toupeira. O sublinhado de que nenhum administrador da SAD está individualmente acusado de nada transfere o peso da culpa para Paulo Gonçalves. É a defesa natural dos interesses do clube.
Compreende-se que Vieira resista a exigir a saída de Gonçalves. Por um lado, isso significava que admitiria que o seu assessor teria tido um comportamento ilícito; por outro, a ligação com o seu braço-direito foi construída por anos de grande empatia e absoluta confiança. Vieira não deixará cair Paulo Gonçalves, pelo que este só sairá pelo seu próprio pé ou, eventualmente, por razões mais fortes.
O Benfica vive um momento delicado e de consequências imprevisíveis. O trajeto desportivo – que tem sido cumprido com sucesso neste arranque de época – contribuirá sempre para que a família benfiquista se una em torno desse desígnio, mas não será possível à equipa de Rui Vitória suportar todo o impacto corrosivo de um processo que fará o seu caminho nos tribunais. Rui Gomes da Silva já percebeu isso.