ROQUE JÚNIOR
Ao fim de três jogos oficiais com a camisola da Juventus, Cristiano Ronaldo continua sem marcar em Itália. Uma situação que tem feito correr muita tinta, mas que, de acordo com o brasileiro Roque Júnior, acaba por ser normal. É que a Serie A tem características diferentes, como frisa o antigo central do Milan, de 42 anos. “A principal força do futebol italiano está nos esquemas defensivos. As equipas pensam primeiro em não sofrer golos, e só depois em marcar. O Cristiano Ronaldo vai encontrar mais dificuldades em Itália, porque existem marcações defensivas mais exigentes”, salienta a Record o agora diretor do futebol da Ferroviária, clube brasileiro que tem uma parceria com o Santa Clara - Roque Júnior esteve em Portugal por isso. De qualquer forma, o antigo defesabrasileiro não temdúvida de que CR7 acabará por triunfar em Itália. “Apesar de ter mais dificuldades, acredito que vai marcar golos, como sempre fez, mas precisa de se adaptar ao futebol italiano e à forma de jogar da Juventus. Todos falam deste assunto, porque Ronaldo habituou sempre as pessoas a marcar muitos golos. Mas é apenas uma questão de tempo para voltar a fazê-lo”, acrescenta, não deixando de comparar o português com os outros grandes craques daatualidade: “Messie Cristiano Ronaldo estão acima de Neymar. É preciso avaliar todas as características dos jogadores e verificar o que conseguem ganhar. O Cristiano, avaliado na globalidade, estáacimados outros porque conseguiu ganhar muitas competições. Mas se analisarmos apenas a qualidade de jogo, o Messié o melhor.”
Antigo central esteve em Portugal e analisa problemas que o reforço da Juve está a encontrar
O grande Milan de... Rui Costa
Roque Júnior falou ainda de outro português, com quem alinhou nos rossoneri. “O Rui Costa jogou numa grande equipa do Milan. Tínhamos grandes jogadores como Dida, Maldini, Costacurta, Albertini, Gattuso, Serginho, Seedorf, Shevchenko ou Tomasson. O Rui Costa também tinha uma grande qualidade e guardo boas memórias desse tempo”, recorda o campeão mundial de 2002, numa seleção brasileira orientada por Scolari. “Só temos a noção da importância de vencer um Mundial com o tem- po. É uma conquista lembrada para o resto da vida”, sublinha o ex-defesa, que cumpriu seis dos sete jogos da canarinha nessa competição. Roque Júnior deixa ainda elogios a Scolari, que foi também selecionador nacional. “É um grande gestor de pessoas. Consegue tirar o melhor dos jogadores e coloca todas as pessoas no mesmo objetivo, centradas num desafio maior. Conseguiu fazer história em Portugal e não ganhou o Euro’2004 por mero acaso. Ganhou na China e no Brasil. É muito competente e boa pessoa”, adianta. Já sobre a atual seleção brasileira, diz acreditar na possibilidade de uma nova vitória num Mundial, mas aponta um problema: “É preciso haver um foco coletivo. Existem bons jogadores, mas nem todos estão focados. O Brasil é uma seleção que se renova com facilidade. Mas é importante haver uma concentração de todos os jogadores para se vencer um Mundial.”
Pensar no futuro
“PRINCIPAL FORÇA DO FUTEBOL ITALIANO ESTÁ NOS ESQUEMAS DEFENSIVOS”, JUSTIFICA O CAMPEÃO MUNDIAL DE 2002
Retirado dos relvados desde 2010 e após duas experiências como técnico principal (no XV de Piracicaba e no Ituano), Roque Júnior aposta numa carreira longa no futebol fora das quatro linhas. “Tenho umcurso de gestão desportiva e marketing. Tirei cinco cursos de treinador, dois de gestão e um de scouting. Uma coisa é saber jogar futebol e outra é entender e saber ensinar”, adianta, salientando a importância da formação dos ex-jogadores: “É fundamental, mesmo para quem chega a patamares elevados. Os jovens devem pensar em conciliar o futebol com os estudos. Quem gosta de futebol, pode apostar na formação pessoal por ter aumentado o número de cargos na estrutura dos clubes profissionais, que precisam de pessoas a trabalhar para melhorar a qualidade da organização.” *