Passo, trote e galope
Pentacampeão azeri de forma consecutiva, o Qarabag falhou o primeiro objetivo da temporada: repetir a qualificação para a fase de grupos da Champions, feito alcançado pela primeira vez em 2017/18. Depois de deixarem pelo caminho os eslovenos do Olimpija e os albaneses do Kükesi, num conjunto de quatro jogos em que não sofreram golos, os cavaleiros foram superados pelo BATE. O acesso à fase de grupos da Liga Europa, assegurado pela 4.ª vez nos últimos cin- co anos, foi obtido às custas do SheriffTiraspol.
Dúvidas. Habituada a assumir um papel dominador dentro de portas, onde é tratada por “mini-Barcelona”, a formação orientada por Gurban Gurbanov, há dez épocas à frente do clube, tem sentido arduidades em metamorfosear-se numa equipa mais cínica na abordagem aos jogos europeus. A equipa costuma organizar-se em 4x1x4x1, já que o ex-sportinguista Slavchev, na teoria o segundo médio de contenção, tende a saltar uma linha tanto em momento ofensivo como defensivo (pressão). A maior dúvida prende-se com a presença de Míchel, unidade nuclear do meio-campo com chegada à área rival, a contas com problemas físicos. Caso não esteja disponível, Gurbanov poderá recorrer a Ozobic, um criativo com último passe e remate potente de fora da área, ou reforçar a zona intermediária com Diniyev, uma unidade de contenção que aproximaria a estrutura do 4x2x3x1.
EQUIPA-TIPO
Inclinação. É pelo corredor esquerdo que os cavaleiros costumam chegar com mais fluência a zonas de finalização. O grande objetivo passa por fazer chegar a bola ao francomarroquino Zoubir, claramente a unidade mais desequilibradora, capaz de conciliar argumentos na condução e no drible, com incisividade nos cruzamentos e nos passes de rutura. O Sporting precisa de ter muita atenção às bolas paradas laterais, em que Guerrier, apoiado por Slavchev, Madatov ou Míchel, assume um papel crucial como finalizador através do jogo aéreo.
Debilidades. O processo defensivo do Qarabag é rudimentar. É certo que a equipa pretende ser pressionante e reativa à perda – Emeghara funciona como primeiro defensor –, mas isso faz com que se desequilibre com extrema facilidade, principalmente em transição. Além disso, em or-
A FORMAÇÃO AZERI É CONHECIDA NO SEU PAÍS COMO “MINI-BARCELONA”
ganização, o conjunto azeri abre muitos espaços entrelinhas, até por existir um excesso de preocupação com referências individuais, o que é um convite para os leões perscrutarem combinações pelo espaço interior que permitam a entrada no bloco rival. Mas o aspeto que o Sporting deve explorar mais exaustivamente é a pressão à primeira fase de construção do Qarabag. São inúmeros os erros de Sadygov, veterano central com elevada tendência para assumir riscos no passe, que podem permitir recuperações altas que apanharão o rival completamente desequilibrado.