MAREGA ASSUMIU O PALCO
Não foi uma peça do outro mundo, mas houve espetáculo e suspense até ao fim. Maliano pagou ‘dívida’ depois de Casillas manter o dragão vivo
apito final de Michael Oliver fez com que o vulcão do Dragão explodisse de alegria e ao mesmo de alívio, consumada que estava a primeira vitória do FC Porto nesta edição da Liga dos Campeões. Foi unânime a ideia de que a equipa de Sérgio Conceição teve de suar e sobretudo de sofrer bastante para levar de vencido um conjunto com grande maturidade competitiva, conforme o técnico português tinha defendido na véspera. Quem foi ao estádio não viu uma peça de teatro do outro mundo, mas a espaços houve espetáculo e o suspense esteve presente até ao derradeiro segundo. O triunfo poderia ter caído para qualquer dos lados, tal foi o equilíbrio na maior parte do tempo, pese embora o Galatasaray tenha disposto de um maior número de oportunidades flagrantes para marcar, mas a verdade é que o FC Porto aguentou firme nos momentos mais difíceis e não se desorganizou quando os turcos estiveram mais perto do golo na primeira parte. Os grandes jogos são para as grandes estrelas e na noite de ontem começou por brilhar mais intensamente Casillas, o senhor Champions. San Iker fez a sua aparição no relvado do Dragão para assinar duas tremendas defesas que impediram Nagatomo e Gümüs de fazerem os mesmos estragos que o Besiktas tinha feito na sua passagem pela Invicta na época passada. Com Maxi Pereira e Alex Telles demasiado projetados para o ataque, Fatih Terim procurou utilizar as transições rápidas pelas alas para provocar mossa na defesa do FC Porto e o certo é que esteve mais perto de chegar ao golo do que os dragões.
Sem Aboubakar, Sérgio Conceição abdicou do 4x4x2, e, quase se pode dizer, abdicou de Marega, uma vez que é evidente o subrendimento do maliano como referência do ataque. Corona entrou bem na direita e Otávio foi o grande motor nas transições ofensivas da equipa, impondo um ritmo que por vezes se tornava demasiado elevado para os próprios companheiros. Chegar ao intervalo com um nulo acabou por ser um mal menor para o FC Porto, que aproveitou a paragem para fazer correções na sua estratégia.
Caído do céu
E que melhor início de segunda parte poderia pedir Sérgio Conceição do que um golo para abanar com a poderosa estrutura montada por Fatih Terim? Marega desfrutou de uma estranha liberdade à entrada da pequena área para subir ao primeiro andar e bater o desprotegido Muslera. O maliano
estava a dever a si mesmo um golo na Liga dos Campeões e o momento foi marcante, uma vez que possibilitou ao FC Porto somar três pontos importantíssimos na batalha pelo apuramento. A vitória do Schalke 04 em Moscovo não deixava grande margem aos dragões, que a partir de agora ficam numa posição bem mais cómoda para atacar o resto da fase de grupos. Recebendo já o Lokomotiv, úl- timo classificado do grupo com zero pontos, o FC Porto tem boas perspetivas de fechar a primeira volta com meio caminho andado, muito embora precise de acertar alguns pormenores.
Afinar o ataque
Um dos retoques tem a ver com o ataque e no jogo de ontem foi visível que Marega beneficia não só com a presença de um companheiro por perto como sobe de rendimento descaído pela direita. A entrada de André Pereira para o meio deu uma nova alma ao maliano e a sua melhor oportunidade de bola corrida acabou por acontecer numa grande combinação com o jovem avançado português, que arrastou os centrais do Galatasaray. Uma dupla que poderá estar a ser preparada por Sérgio Conceição para tentar surpreender o Benfica no clássico de domingo. *