MAQUINA DE GUERRA
Alfa chegou e, graças à postura apresentada, já conquistou o balneário. E os colegas até lhe arranjaram uma alcunha...
Alfa Semedo viveu em Atenas o momento maior da sua ainda curta carreira, ao estrear-se na fase de grupos da Liga dos Campeões logo com o golo, tornando-se no primeiro guineense a conseguir tal feito. O reflexo de um percurso construindo a pulso, “depois de uma infância tipicamente complicada”, como sublinha a Record o empresário Sebastião Adilé, o que foi importante para moldar a personalidade guerreira de um jovem que nunca desistiu do sonho de se tornar futebolista profissional. Aliás, os próprios colegas de equipa já apelidam Alfa Semedo de ‘Máquina de Guerra’ tendo em conta a postura determinada como se treina, como disputa cada lance e se entrega ao jogo, características que também ajudaram a convencer Rui Vitória a contratar o jogador de 21 anos ao Moreirense.
O trilho que tem percorrido, nem sempre fácil, não foi esquecido por Alfa Semedo no momento de co- memorar o golo que deu o triunfo. E foi por isso que o jovem “cheio de fé” fez questão de se ajoelhar e agradecer a Deus, como explicou Adilé. “Está muito agradecido por tudo o que lhe tem acontecido. Vem de uma vida difícil, mas dia após dia as coisas estão a correr-lhe bem e está muito grato por isso”. O jogador regressou à Luz e está “fascinado com aquilo que encon-
VÉNIA DOS JUNIORES
trou”. O empresário explica que Alfa foi “muito bem recebido” e que tem sido “muito apoiado por toda a estrutura”. “Sente que acreditam nele e querem que evolua mais. É um jovem, só as pessoas que trabalham com ele no dia a dia sabem o potencial dele. Quem está lá, sabe que ele precisa de ser trabalhado, acarinhado”, explicou.
País rendido
CAIXA DE MENSAGENS DO JOVEM NÃO PAROU DE RECEBER FELICITAÇÕES DE MUITO AMIGOS PORTUGUESES E GUINEENSES No final do jogo, o grupo dos juniores que viajou com a equipa para disputar a Youth League fez várias vénias a Alfa, às quais este respondeu com um aceno.
O pontapé certeiro no encontro com o AEK foi um momento muito celebrado, primeiro dentro de campo, e depois no balneário após o final do jogo, mas também na Guiné-Bissau o tiro de fora da área não passou despercebido. Ali, Alfa Semedo tinha os seus fãs principais a assistirem ao encontro, entre os quais se encontravam os pais e os primos, “benfiquistas de coração”, como nos contou o agente do jogador benfiquista, Sebastião Adilé. Apesar de o dia de ontem ter sido maioritariamente ocupado com o plantel – primeiro no treino matinal, ainda em Atenas; depois, com a viagem de regresso a Lisboa –, o telemóvel foi entupido. “Além dos amigos que tem por Portugal, recebeu muitas mensagens da Guiné. É um país com muitos benfiquistas, como a maior parte da família do Alfa”, contou o responsável pela escola de formação onde o benfiquista começou a dar os primeiros passos, explicando a importância que o jogador ganhou: “É a nossa referência maior. Antes era muito difícil explicar-lhes que poderiam chegar a este patamar. Agora percebem que eles, mesmo tendo nascido na Guiné Bissau, também lá podem chegar”.