SEM EVIDÊNCIAS PARA JULGAMENTO
Benfica requer abertura da instrução porque a acusação é “conclusiva, contraditória e curta”
Como já Record havia anunciado, o Benfica requereu a abertura da instrução do processo EToupeira, concluindo que não há evidências nos autos e na própria acusação do Ministério Público que “suportem a sujeitação da SAD a julgamento”. No documento, a que o nosso jornal teve acesso, os encarnados garantem que foram “infundada e injustamente” acusados uma vez que “existem indícios e razões, factuais e jurídicas, mais do que suficientes para não acusar”, sintetizando a acusação em três ‘cês’: curta, contraditória e conclusiva. As águias reiteram que as premissas sustentadas pelo Ministério Público (MP) são curtas por não existirem “factos e imputações concretas suficientes para imputar à Benfica SAD qualquer dos crimes de que é acusada”; a acusação é contraditória porque “diz uma coisa e o seu contrário” ou até porque “usa formulações factuais ou raciocínios jurídicos que se antagonizam ou se anulam entre si”; por fim, a SAD do Benfica sustenta também que a acusação é também conclusiva porque “ela se basta com formulações de natureza tabelar, com conclusões genéricas e não suportadas em factos e em imputações e razões concretas”.
A SAD benfiquista, agora defendida na Justiça pelos advogados e signatários do requerimento João Medeiros, Saragoça da Matta e Rui Patrício, assume que “há um total desconhecimento dos factos imputados” que levam o MP a acusa das águias de 30 crimes: 28 de falsidade informática, um de corrupção ativa e outro de oferta ou recebimento indevido de vantagem.
Salto mortal
A defesa do Benfica, tendo por
AS ÁGUIAS GARANTEM QUE NÃO HÁ FACTOS SUFICIENTES PARA IMPUTAR À SAD OS 30 CRIMES DE QUE A MESMA É ACUSADA
base os autos explicitados, classifica a atuação do Ministério Público no processo E-Toupeira como um “verdadeiro salto no escuro e mortal” por “fazer crer” que a responsabilidade de três pessoas singulares e arguidas no processo - Paulo Gonçalves, José Augusto Silva e Júlio Loureiro - pode ser imputada à SAD encarnada, onde o seu antigo assessor jurídico desempenhou funções com mostras de “competência e integridade”. Contudo, os encarnados, que receberam os autos com “surpresa e perplexidade”, garantem que, no limite, casos estes “sejam mesmo verdadeiros, e ilícitos ou não, e tenham os mesmos a explicação que tiverem, não foram solicitados ou autorizados, nem sequer conhecidos, pela Benfica SAD”. Isto ajuda a cimentar a posição das águias de que Paulo Gonçalves não tinha uma posição relevante no seio da sociedade desportiva e que era apenas mandatado por alguém hierarquicamente superior. *