Record (Portugal)

A comunicaçã­o de Rui Vitória

- Susana Torres

Saber comunicar é uma arte e estamos sempre a comunicar, mesmo quando optamos pelo silêncio. Nesta fase que o Benfica está a passar, a comunicaçã­o do treinador assume especial importânci­a. Nem sempre os técnicos consideram o seu impacto, optando por caminhos que podem ser prejudicia­is. É por isso que todo o cuidado é pouco. Neste caso, destaco algumas situações que poderão contribuir para um desfecho menos bom:

COMUNICAÇíO INTERNAVS. COMUNICAÇíO EXTERNA– Algo que deve estar definido e trabalhado dentro de um clube. Quando este trabalho é bem feito, existe uma união que se sente e se verifica no campo, havendo menor probabilid­ade de os jogadores se destabiliz­arem emocionalm­ente.

COMUNICAÇíO NÃO VERBAL – Um treinador, face ao que está a acontecer dentro de campo, tem por vezes tendência a descurar a comunicaçã­o não verbal, assumindo gestos (colocar as mãos na cintura, sentar-se no banco depois de sofrer um golo, abanar a cabeça, tapar os olhos com a mão) que dão sinais de descontrol­o, desespero e falta de soluções. Talvez nem reparem, mas pior do que estarem a ser observados pelo público, é estes gestos se- rem percebidos pelos jogadores, que iniciam um discurso interno focado no erro, na opinião dos outros e na falta de crença.

CONFERÊNCI­AS DE IMPRENSA– Chutar o problema para a frente, dizer que os adeptos não querem saber dos motivos da derrota, e vamos pensar já no próximo jogo – tudo isto faz parte da comunicaçã­o para dentro do balneário. Para fora, a conversa tem de ser outra. Ou explicamos as soluções que temos em mente ou corremos o risco de dar a sensação de que não fazemos a mínima ideia.

LIDERANÇAN­O BALNEÁRIO – É importante entender o papel de alguns jogadores na influência e na liderança. Alguns, pelo seu estatuto, carisma, currículo e exemplo, conseguem aguentar e transmitir uma força que um treinador pode ter maior dificuldad­e em exercer. São os ‘líderes sem título’, vistos aos olhos dos colegas como ‘um dos nossos’. Um papel que, no Benfica, era até há bem pouco tempo desempenha­do por Luisão. A comunicaçã­o é tudo, tão depressa nos coloca no topo do Mundo, como num lugar indesejado, onde muitas vezes nem percebemos como lá fomos parar. *

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IMPACTO. Gestos do treinador podem afetar a equipa
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