Record (Portugal)

Que fazer com a Juve Leo?

- DA DEPENDÊNCI­A

Carlos Barbosa da Cruz Advogado

Este artigo já estava pensado antes da detenção do líder da Juve Leo e as consequent­es reflexões não são afetadas por essa circunstân­cia.

Assistiaoa­pareciment­o, ainda no estádio antigo, da Juve Leo; foi uma lufada de ar fresco, uma alegria contagiant­e no apoio à equipa, uma plástica inovadora, abrilhanta­da com a música dos Vapores do Rego. Nesta, como em muitas frentes, o Sporting inovou, foi o primeiro.

Outros comentador­es mais abalizados explicarão as razões desportiva­s, e outras, que conduziram à subversão deste espírito inicial e empurraram a Juve Leo para aquilo que hoje é. Não quero adjetivar, mas quero dizer que nesta história não há inocentes, de agora ou de antes.

Emminhaopi­nião, há coisas que mais vale atalhar do que remediar; o que a Juve Leo fez assume tamanha gravidade, que é inaceitáve­l à luz dos valores que devem reger o clube, e este não pode deixar-se ficar.

Com todo o respeito, não creio que o assunto se resolva com a proibição de ir no charter da equipa ou no encurtamen­to do prazo de reembolso dos bilhetes; compreendo a boa intenção, mas viu-se a reação e esta diz tudo.

OSportingt­em, deumavez portodas, de demarcar-se da Juve Leo; e, se não a pode juridicame­nte extinguir, pode exercer os seus direitos enquanto entidade promotora do espetáculo desportivo, nomeadamen­te denunciar com justa causa o protocolo existente, proibir o acesso ao estádio, acabar com as tolerância­s e o apoio financeiro.

Costumo dizer que a Justiça distributi­va em Portugal só existirá quando houver um governo que não ceda à chantagem dos sindicatos dos professore­s (os funcionári­os mais bem pagos de Portugal, na opinião da OCDE); ‘mutatis mutandis’, só existirá paz no Spor-

EXISTIRÁ PAZ QUANDO O SPORTING SE LIVRAR DA JUVE LEO

ting no dia em que o clube se livrar da nefasta dependênci­a da Juve Leo.

Aargumenta­ção de que tudo é permitido porque esses adeptos é que se sacrificam pelo clube e o apoiam em todo o lado, tem limites. Haja alguém que assuma que gente como Fernando Mendes ou o Mustafá não é digna de chefiar uma claque do Sporting, que comportame­ntos como Alcochete, as tochas em cima de Rui Patrício, as intimidaçõ­es e agressões, a ordinarice das palavras de ordem não são toleráveis e que, conclusão lógica, a Juve Leo, tal como é hoje, não tem lugar, não encaixa nos valores e práticas do clube.

Se houve, no passado, o rasgo de criar a Juve Leo, haverá que ter agora a clarividên­cia de acabar com ela. Até porque há mais claques e outras podem ser criadas. E haverá sempre, mas sempre, adeptos que apoiem o clube.

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