Direitos fundamentais
Bruno de Carvalho, como dirigente e até como cidadão, pisou demasiadas vezes o risco da educação e da urbanidade. É um homem que, mesmo para muitos que não o conhecem pessoalmente, parece arrogante, irritante, irascível e mais alguns adjetivos pouco abonatórios. Mas isso não o pode diminuir aos olhos da Lei e de quem a aplica. Porque o que os tribunais terão de decidir é apenas uma coisa: é ou não responsável pelas agressões de Alcochete?
O princípio dapresunção de inocênciadeve ser aplicado da mesma forma que se aplica a qualquer outro cidadão – ou, no caso do futebol, a qualquer outro dirigente. Bruno de Carvalho foi detido em casa, perante a família, num domingo, e hoje,
BRUNO DE CARVALHO PODE SER UMA PESSOA IRASCÍVEL MAS ISSO NÃO O PODE DIMINUIR AOS OLHOS DA LEI
quarta-feira, ainda não foi submetido a interrogatório pelo juiz de instrução. Não é, seguramente, o primeiro arguido nesta condição, mas é um daqueles pisões sobre os direitos dos cidadãos que custam a entender.
Aacusação de terrorismo, um ‘sound bite’ que fica sempre bem, é difícil de entender e ainda mais difícil de imaginar que possa a vir a ser provada. Aos ouvidos de leigos, terrorismo é algo diferente – e bem mais grave – do que o sucedido a 15 de maio em Alcochete. Mais um indício de que os investigadores pretendem, mais uma vez, ter opinião pública do seu lado, como que fazendo um julgamento popular antes do que irá ocorrer em tribunal.
No meio de tudo isto, há o Sporting. O clube – sócios e adeptos – são as principais vítimas de tudo o que ocorreu. As consequências poderão demorar anos a serem ultrapassadas.