Record (Portugal)

HUMILHHAÇíO

ADEPTOS INSULTARAM E ASSOBIARAM JOGADORES E TÉCNICO ENCARNADOS PASSAM PARA A LIGA EUROPA

- CRÓNICA DE DAVID NOVO

RUI VITÓRIA ESTÁ EM TRÊS DAS OITO PIORES GOLEADAS EUROPEIAS “Treinador perdido? Nem pensar nisso! Jamais!”

verdades absolutas no futebol: a bola é redonda, cada equipa tem 11 jogadores em campo e Robben puxa para dentro, mesmo ao jeito do seu pé esquerdo. O holandês fá-lo quase sempre, o Benfica sabia-o, já o tinha visto no jogo da Luz e certamente que voltou a vê-lo nos vídeos de preparação para o segundo confronto com o Bayern. Não serviu de muito, a avaliar pelo primeiro golo dos alemães. Robben desenvenci­lhou-se de Grimaldo, Fejsa, Cervi e ainda Gabriel antes de bater Vlachodimo­s. Nunca o holandês devia ter passado por tantos, ainda que com um ressalto pelo meio. Se é fácil travá-lo? Claro que não, mas exige-se que não se facilite ainda mais a vida ao camisola 10. Isto foi ao minuto 13, aos 30’ assistiu-se a algo muito parecido. Transição ofensiva dos bávaros, Robben correu com a bola controlada, fez o movimento interior e disparou para o fundo da baliza, de nada valendo as tentativas de corte de Rúben Dias e Conti. Mais uma vez, muitos adivinhara­m que o holandês ia fazer o que fez. Aqui, a dificuldad­e para o adversário é a velocidade com que Robben o faz e como, através de um movimento do corpo, simula o remate antes de finalizar. Na teoria, a ação é previsível; na prática, a execução torna-a imbatível. Em tempos, Robben foi conhecido como o ‘Homem de Cristal’ pela quantidade de lesões que sofria e por passar mais tempo fora do que dentro dos relvados. Ontem, as fragilidad­es foram do Benfica, nomeadamen­te no aspeto defensivo. Não é de agora: 14 golos sofridos nos últimos sete jogos, entre campeonato, Taça de Portugal e Champions. Os golos de Robben demonstram um padrão; os de Lewandowsk­i serviram para comprovar que o Benfica não aprendeu a lição. O primeiro e o segundo foram marcados após pontapés de canto – um direto e o outro ao segundo toque – na mesma zona, na linha da pequena área, de cabeça e com o polaco a posicionar-se à frente de Conti e atrás de Rúben Dias. A única diferença é que foi um em cada baliza.

Muito pouco Benfica

Além de analisar o que o Bayern fez em todo o jogo, é importante assinalar o que o Benfica não fez. O primeiro remate apenas foi conseguido aos 28’, na sequência do primeiro canto. Depois, bem perto do intervalo, um remate perigoso de André Almeida. Pelo meio, algumas bolas em profundida­de à procura da velocidade de Rafa. E, mesmo sabendo que o lateral Alaba estava frequentem­ente em zo-

nas mais adiantadas, os centrais e até o guarda-redes Neuer resolveram o assunto. Não se sabe se esta era a única estratégia do Benfica, a verdade é que não resultou. A primeira parte foi para esquecer, a segunda parecia ir por outro caminho. Gedson, acabado de entrar, reduziu para 3-1. Seria este o momento de reviravolt­a? Lewandowsk­i arruinou com a esperança dos encarnados com o tal golo cin- co minutos depois. Até final, o Bayern ainda aumentou o marcador para 5-1. E, mais uma vez, a simplicida­de do lance torna difícil compreende­r a ação defensiva das águias. Ribéry, na ala, tocou para Alaba; o lateral foi à linha, cruzou atrasado para Ribéry e golo. A partir do momento em que soltou a bola, o francês deixou de ter marcação; quando voltou a ter oposição já estava dentro da grande área, pronto a rematar. Os números não dizem tudo mas ajudam a contar a história de um jogo. Curiosamen­te, Bayern e Benfica transforma­ram em golo metade dos remates à baliza que fizeram. O problema para o Benfica é que só fez dois, enquanto os alemães registaram... 10. Ainda não foi desta que o Benfica venceu em Munique e com uma exibição como a de ontem torna-se uma missão quase impossível. *

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ÁGUIAS VOLTAM A SAIR DA CHAMPIONS PELA PORTA PEQUENA
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