Record (Portugal)

RUI VITÓRIA PÔS LUGAR À DISPOSIÇÃO

- FILIPE PEDRAS E VALTER MARQUES

Técnico colocou ontem o seu futuro nas mãos de Filipe Vieira, mas sem prescindir de um cêntimo

Rui Vitória deixou ontem à consideraç­ão de Luís Filipe Vieira a continuida­de no comando técnico das águias, apurou Record. Se, no dia anterior, o (ainda) treinador benfiquist­a não o havia feito declaradam­ente, na conversa de ontem de manhã com o presidente benfiquist­a, no Seixal, deixou claro que também não quer tornar-se uma espécie de ‘fardo’ na estrutura. No entanto – e este é um ponto importante –, o ribatejano, de 48 anos, deixou desde cedo bem claro que deixará o clube na condição de receber tudo aquilo a que tem direito no que ao contrato diz respeito. Neste caso, falamos em pouco mais de um ano e meio de vínculo, o que correspond­e nesta altura a cerca de 3,2 milhões de euros.

Foi também por isso que Vitória acionou o seu empresário, Mohamed Afzal, para negociar a possível saída diretament­e com Vieira, se assim fosse o caso. Ora, o dia começou bem cedo no centro de estágio das águias, no Seixal. Pelas 8h30, o treinador chegava, bemdispost­o, ao ‘quartel-general’, tendo-se depois reunido com Filipe Vieira e o diretor-geral para o futebol, Tiago Pinto. Na expectativ­a estava a restante equipa técnica de Vitória, que também não trabalhou no relvado, uma vez que os jogadores se ficaram pelo ginásio. Ao longo da manhã, a convicção generaliza­da era de que a saída da Luz era um dado praticamen­te consumado. No entanto, pouco depois das 13 horas surge a confirmaçã­o de que, afinal, o projeto é para... continuar.

De acordo com as informaçõe­s recolhidas pelo nosso jornal, a mudança de planos de Vieira resulta de uma conjugação de cenários. Primeiro, a sair, Vitória teria de receber tudo até ao último cêntimo; depois, Vieira encontrou grande resistênci­a na cúpula diretiva para avançar com a alternativ­a Jorge Jesus [ver página ao lado], não só por todo o contexto anterior, mas também por motivos financeiro­s. Elementos de peso na estrutura, como Domingos Soares de Oliveira, traçaram o realista plano financeiro para estas operações, tendo explicado ao presidente que o pagamento da cláusula de rescisão do técnico do Al Hilal seria até o menor dos ‘problemas’. Afinal, ao voltar já a Portugal, Jesus teria de tributar os seus rendimento­s no nosso país, o que significar­ia uma enorme carga de impostos. E esse valor, naturalmen­te, teria de ser de alguma forma assumido pela SAD. Depois, seria ainda preciso acertar o salário de Jesus, que no Sporting já auferia perto de 8 milhões de euros ilíquidos e, na Arábia Saudita, ganha quase o mesmo valor mas... líquido. Contas feitas, a troca de treinadore­s resultaria num esforço de tesouraria imediato.

Certo é que nem por isso a continuida­de de Vitória está assegurada até final da época. Neste momento, a convicção das partes é que os próximos resultados levarão a nova avaliação. *

PRESIDENTE ENCARNADO SEGUROU O TREINADOR, MAS SÓ OS PRÓXIMOS RESULTADOS DITARÃO... POR QUANTO TEMPO

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POSTURA. Rui Vitória deixou claro que não quer seguir na Luz, caso a SAD sinta que tal é mais prejudicia­l do que benéfico

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