Conceito de equipa
O TRABALHO DE LABORATÓRIO FEITO POR SÉRGIO CONCEIÇÃO NAS ÚLTIMAS SEMANAS TEM VINDO A RESULTAR NUMA CONSISTÊNCIA CADA VEZ MAIOR DAS EXIBIÇÕES DOS FUTEBOLISTAS ENQUANTO COLETIVO
FC Porto conseguiu atingir o seu primeiro objetivo da época. A vitória por 3-1 sobre o Schalke garante o apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões e também uma importante receita financeira que pode trazer maior equilíbrio às contas da SAD portista. Ao conseguirem 13 pontos em cinco jogos, os dragões registam já uma das suas melhores prestações de sempre na fase de grupos da Champions e confirmam o bom momento que a equipa está a atravessar. Um crescimento que tem trabalho sustentado.
Após o jogo da Taça de Portugal, Sérgio Conceição mostrava-se satisfeito com a vitória sobre o Belenenses e proferiu uma frase importante que talvez tenha passado relativamente despercebida: “Aquilo que é mais importante é que os meus jogadores entendem o que é o conceito de equipa”. No fundo, o trabalho de laboratório efetuado ao longo das semanas no sentido de afinar da máquina, na qual todos os jogadores sabem que função devem desempenhar. E isso tem vindo a resultar numa consistência cada vez maior das exibições dos jogadores enquanto coletivo.
Dentro de campo, seja qual for a missão que lhes é dada pelo treinador, os jogadores sabem o que fazer no processo defensivo e ofensivo, e a equipa é capaz de reagir e pensar da mesma forma sempre que é preciso fazer alguma compensação ou criar algum desequilíbrio. Este é um ideal, diga-se, que abrange todas as equipas. Uma meta que todos anseiam. E quanto mais consistente for este “conceito de equipa”, mais forte e coesa uma formação se poderá apresentar.
Ao longo de época e meia no co
mando técnico do FC Porto, Sérgio Conceição tem vindo a explorar diferentes dimensões e está a conseguir exponenciar as capacidades do seu plantel. Montou uma equipa competitiva com o aproveitamento de jogadores que estavam emprestados, incutiu garra e força mental. Mas tem sido muito mais do que isso. Se a nível individual é por demais evidente que há imensos jogadores que passaram a render mais e outros até acrescentaram novas características ao seu jogo, como foram os casos recentes de Óliver Torres ou Otávio, também é verdade que as dinâmicas do coletivo, o trabalho semanal ao mais ínfimo pormenor e a força motivacional deram origem a um grupo cada vez mais confiante nas suas capacidades e no qual as soluções se vão multiplicando.
A derrota com o Benfica na Luz acaba por ser marcante na trajetória portista na atual época. Seguiram-se nove vitórias consecutivas, 27 golos marcados e apenas cinco sofridos. A equipa encontrou o seu ponto de equilíbrio e, de jogo para jogo, tem vindo a crescer a nível exibicional, aproximando-se dos bons desem- penhos da temporada passada.
O calendário ainda é longo e há muito caminho a percorrer. A própria equipa terá de comprovar a si mesma se será capaz de manter regularidade, solidez e nota artística que demonstrou nos jogos recentes. Os indícios são positivos e mostram que o técnico está a preparar o seu conjunto para os duros desafios que se aproximam nos próximos meses.
Este FC Porto de Sérgio Conceição impressiona pela inteligência que demonstra no relvado. Os livres estudados, a gestão do ritmo do jogo, a reação à perda da bola ou a capacidade de se adaptar a diferentes dinâmicas e sistemas no mesmo jogo. Tudo isto é fruto de muito trabalho e os resultados começam a ficar à vista.
INDEPENDENTEMENTE DO QUE É PEDIDO, TODOS SABEM O QUE FAZER NA DEFESA E NO ATAQUE