VIEIRA CONTRA TODOS
VITÓRIA ESTEVE QUASE DESPEDIDO MAS PRESIDENTE MUDOU DE OPINIÃO DURANTE A NOITE
“Será treinador até final da época, salvo se houver algum imprevisto” “As saíram notícias não são que culpa da comunicação social” “É para jogar à Benfica e não lento, lento”
“RUI VITÓRIA É UM TREINADOR COMPROMETIDO COM A NOSSA ESTRATÉGIA, QUE LANÇOU VÁRIOS JOVENS” “SERÁ TREINADOR DO BENFICA ATÉ FINAL DA ÉPOCA, SALVO SE HOUVER ALGUM IMPREVISTO” “ESTABELECI UM COMPROMISSO, MAS A CABEÇA NÃO ME DEU PARA AQUI” “NÃO SE FAZ OUTRO CICLO DE UM MOMENTO PARA O OUTRO, MAS TEMOS PLANTEL PARA A RECONQUISTA”
Luís Filipe Vieira assumiu ontem a responsabilidade pela continuidade de Rui Vitória no comando técnico do Benfica. O presidente dos encarnados explicou que se tratou de uma decisão “muito amadurecida” durante a noite, mesmo contra a vontade dos seus pares. “Foi uma luz que me deu!”
Numa conferência de imprensa marcada para horário nobre, quando começavam os jornais da noite nas televisões, o dirigente foi “direto ao assunto, sem rodeios e objetivo”. “Rui Vitória continuará a ser nosso treinador. Não escondo que discutimos a sua continuidade. Todas as notícias que saíram não são logicamente culpa da comunicação social. Rui Vitória é um treinador comprometido com a nossa estratégia, que lançou vários jovens”, disparou. Passando em revista as horas que se seguiram à goleada em Munique, que ditou a queda das águias para a Liga Europa, Vieira contou que na quarta-feira, quando saiu do estádio, a decisão apontava para a demissão de Vitória. “Não era firme, mas caminhava para isso.” O presidente passara o dia em contactos. Fala- ra com o empresário do treinador, Mohamed Afzal, reunindose depois com os administradores da SAD, Domingos Soares de Oliveira e Rui Costa, e ainda o diretor-geral para o futebol, Tiago Pinto. Rumou, então, ao Caixa Futebol Campus, onde passou a noite: “Meditei no Seixal, dormi muito pouco.”
Às 7h30, comunicou a decisão a Tiago Pinto, o primeiro saber, e só mais tarde se reuniu com Vitória, tendo-lhe perguntado se sentia condições para continuar. “Quando ele chegou, falámos e disse-lhe o que pensava da continuidade dele e se ele estava preparado e motivado face ao que aconteceu nos últimos dias, pois ele era carta fora do baralho para a opinião pública e para a comunicação social.”
Exemplo de Jesus
Vieira, de 69 anos, chamou a si a decisão de manter o homem que contratou em 2015 para suceder a Jorge Jesus. “A responsabilidade assenta em mim”, vincou. “Ontem [anteontem], quando saí daqui, fiz um determinado compromisso, mas a cabeça não me deu para aqui. Não vale a pena, sei como decido muita coisa – as pessoas dizem que vejo mais à frente. Não sei, foi uma luz que me deu! Acredito que é por aí que vamos ganhar.”
O líder das águias lembrou o que se passou quando segurou Jorge Jesus, no final da época de 2012/13, depois de o Benfica ter perdido campeonato, Liga Europa e Taça de Portugal, no que classificou como “período de maior contestação”. “Também estava isolado e, no final, acabámos isolados no primeiro lugar”, afirmou, recordando: “Jesus esteve com os dois pés na saída. Não estou arrependido. Nenhum benfiquista está arrependido com o que temos feito. Não sou um presidente resultadista, sou estratégico.”
O dirigente está consciente de que “o descontentamento é generalizado”, face aos maus resultados, embora tenha uma certeza: “Continuo a pensar que é o homem certo no lugar certo. Fui eleito para tomar decisões. Quando o Benfica for comandado de fora para dentro, algo está mal. Há 17 anos que é comandado de dentro para fora.”
E para acabar com as dúvidas, assegurou: “Rui Vitória será treinador do Benfica até final da épo- ca, salvo se houver algum imprevisto.” Embora a qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões seja um objetivo falhado, o resto continua em aberto. “É importante para o projeto que Rui Vitória continue. É possível conquistar todos os títulos em Portugal e lembro que ele, nos primeiros dois anos, ganhou seis títulos. Os dois últimos treinadores ganharam 16 títulos em dez anos anos. Basta ver a quantidade de treinadores que os rivais tiveram. É importante para o Benfica a estabilidade com as equipas técnicas.” Vieira acredita na capacidade do plantel. “Toda a trajetória dos últimos anos dá-nos razão. Não se faz outro ciclo de um momento para o outro, pois temos competidores, mas achamos que temos plantel para a reconquista.” *