A velha desinformação
Carlos Xistra e António Nobre são dois árbitros da primeira categoria nacional que estão em momentos opostos das carreiras. O que os liga? Carlos Xistra, por limite de idade, vai deixar de ser internacional e é António Nobre quem vai ocupar o lugar do albicastrense na lista. Sobre o Carlos Xistra, e a sua carreira, terei seguramente oportunidade de escrever quando ele optar por abandonar os relvados. Sobre o António Nobre terei ainda mais oportunidades porque, se as coisas correrem normalmente, tem pela frente mais 15 anos de alta competição. Mas, atingir o patamar de internacional merece, pelo menos, que lhe dê publicamente os parabéns. Muito poucos chegam a este patamar. Ver um colega da minha associação (AF Leiria), com quem treinei e a quem dei formação, atingir este objetivo, é um orgulho e uma alegria. Que a humildade (é dos mais humildes que conheci na arbitragem) e a dedicação que o trouxeram até aqui lhe permitam continuar a crescer, agora internacionalmente. Um dos desafios que o António Nobre e os restantes colegas que dirigem jogos da nossa 1.ª Liga enfrentam e, acho, vão continuar a enfrentar, é a falta de conhecimento sobre leis e protocolos e/ou desinformação que os agentes desportivos trazem para a opinião pública. Falo, em particular, das insistentes mensagens erradas que treinadores de futebol, dirigentes de clubes e comentadores televisivos passam sobre protocolo do vídeo-árbitro e as suas especificidades. “Este lance merecia, pelo menos, que o vídeo-árbitro chamasse o árbitro para que este esclarecesse as dúvidas”. Expressões como estas foram ditas centenas de vezes nas últimas semanas. Concordo que nas últimas três jornadas terão existido duas ou três situações que justificavam intervenção do VAR e que este ficou, erradamente, calado. São situações onde terá existido erro claro e óbvio. E é nessas que o vídeo-árbitro tem de intervir. O VAR não foi criado para esclarecer lances duvidosos. E, por enquanto, esta sua característica mantém-se original, inalterada desde a criação do protocolo. Portanto, senhores comentadores, jornalistas, treinadores, dirigentes e, tristemente, alguns exárbitros, vamos recordar e ter presente que o VAR só pode intervir em lances de penálti, golos, expulsões e troca de identidade de jogadores em situações em que as imagens televisivas mostrem clara e inequivocamente (sem margem para discussão) que a decisão inicial do árbitro foi errada. *