LEÃO NA LUTA
MARCEL KEIZER EXIGENTE “Para mim foi um mau jogo. Temos de fazer melhor”
O Sporting ascendeu ontem ao 2º lugar da Liga, mercê de uma vitória sem brilho sobre o Belenenses, por 2-1. Naquela que foi certamente a pior exibição dos leões da era Marcel Keizer (mesmo contando com a derrota em Guimarães na jornada passada), a turma de Alvalade alcançou o essencial. Teve de se deixar de romantismos, foi pragmática e conseguiu os 3 pontos, ultrapassando o Benfica na tabela classificativa. O futebol pouco imaginativo ontem praticado pelo Sporting deve-se essencialmente à forma como o Belenenses se apresentou. Esta vitória cinzenta teve, portanto, demérito leonino mas também uma grande dose de mérito dos azuis do Jamor. Silas apresentou um 3x5x2 de grande coesão defensiva, à qual aliou a pressão a meio-campo e a apetência pela transição ofensiva, perigosa, mas, em termos práticos, ineficaz. Com Gudelj (principalmente), Miguel Luís e Wendel vigiados de perto, o Sporting sentiu desde o início grandes dificuldades na primeira fase de construção de jogo. O antídoto para o futebol de Keizer já tinha sido encontrado por outras equipas (e treinadores...), mas o Belenenses, à semelhança do que tinha acontecido com o V. Guimarães na última ronda de 2018, embora em circunstâncias diferentes, conseguiu colocá-lo em prática de forma quase irrepreensível. Não admira, assim, que os leões não tenham conseguido impor-se durante toda a primeira parte, vendo o adversário desperdiçar quatro situações de golo, uma delas claríssima, por Fredy, que, isolado, atirou ao poste, aos 31’. Neste período, o Sporting pode lamentar, por seu turno, duas grandes defesas de Muriel e, também, um tiro ao poste desferido por Nani.
Mudança
A 2ª parte começou praticamente na mesma toada. Os leões continuavam com mais posse de bola, exerciam um certo domínio territorial mas continuavam longe de ter a partida controlada. Coincidência ou não, Silas decidiu alterar o sistema tático. Nuno Coelho lesionou-se e o treinador do Belenenses, em vez de optar por outro central, decidiu apostar no avançado Henrique. Os azuis passaram do 3x5x2 para um 4x3x3 (embora com dois médios-defensivos), abandonando o espartilho defensivo... o que acabou por lhes ser fatal.
O Sporting chegou assim ao primeiro golo beneficiando dessa menor cobertura defensiva belenense. Diaby, com um excelente
passe, lançou Bruno Gaspar na direita, que, em vez de ser acompanhado por Zakarya, era, neste novo modelo tático, alvo da vigilância de Fredy. O lateral-direito ganhou (mais) facilmente a posição e fez um cruzamento-remate que embateu em Sasso e traiu Muriel.
Sem o justificar de forma inequívoca, a equipa de Alvalade chegava assim à vantagem e co- nhecia, pouco depois, o período em que esteve mais confortável na partida. O Belenenses, neste 4x3x3, já não tinha o miolo superpovoado, pelo que o Sporting, menos manietado nesta zona do terreno, soltou-se do colete de forças e protagonizou, por intermédio de Miguel Luís, o momento mais bonito do encontro, com o jovem médio a arrancar um remate potentíssimo para o 2-0. Antes disso, Marcel Keizer abandonara por completo o seu futebol romântico, colocando Petrovic, um segundo médio-defensivo, no lugar de Wendel.
Silas, por seu turno, foi substituindo defesas e médios por jogadores de características ofensivas e só demasiado tarde teve o prémio para a sua audácia. Numa jogada de envolvimento do ataque, Fredy reduziu a vantagem já ao cair do pano. *