Record (Portugal)

Leão tem de correr por fora

NESTE MOMENTO, O SPORTING É UM ‘OUTSIDER’ NA LUTA PELO TÍTULO. NÃO POR UMA QUESTÃO DE DIMENSÃO – É UM GRANDE, QUE NINGUÉM DUVIDE –, MAS PELA QUALIDADE DA EQUIPA

- Sérgio Krithinas Editor

DESTA VEZ, KEIZER MOSTROU QUE SABE ADAPTAR-SE ÀS CIRCUNSTÂN­CIAS

O empate no clássico deixou o Sporting virtualmen­te afastado da luta pelo título, quando ainda há uma volta inteira pela frente. São oito pontos de diferença para o primeiro, três para o segundo e dois para o terceiro – é difícil imaginar que, num campeonato como o português, tanta gente perca tantos pontos até final. Visto assim, o cenário é cinzento. Mas a verdade é que houve coisas positivas a retirar da exibição dos leões ontem.

Acima de tudo, deu para ver que Keizer sabe onde está e consegue adaptar-se às circunstân­cias. Ao contrário do que se previa, o treinador holandês não mexeu no onze, nem no sistema, como também não jogou de peito feito como tinha feito até aqui – algo que já

lhe tinha valido críticas e dissabores. O Sporting surgiu ontem de bloco mais baixo do que é costume, sacrifican­do Bas Dost, a quem quase sempre faltou companhia, mas garantindo assim uma solidez defensiva que ainda não se tinha visto esta época. Os leões permitiram sete remates ao FC Porto (apenas dois perigosos), um número que traduz muito mérito.

Para a história ficará o resultado que praticamen­te afasta a equipa da luta pelo título, mas a ilusão criada nos últimos dois meses não pode fazer esquecer uma realidade bem clara desde o verão: o Sporting está muito atrás de FC Porto e Benfica na corrida. Aliás, bastava olhar para os bancos na partida de ontem – como para o banco em qualquer partida – para se per- ceber que há muito menos soluções em Alvalade do que no Dragão ou na Luz. Porque os campeonato­s ganham-se com plantéis e não apenas com 11 jogadores.

Percebe-se por isso a intenção

de Frederico Varandas que, mais do que entrar em loucuras por reforços para o imediato, quer usar o pouco dinheiro disponível para dar amplitude ao plantel, procurando mais soluções para os meses que faltam da temporada. A verdade pode ser dura para os ouvidos dos sportingui­stas, mas é esta: neste momento, o Sporting é um ‘outsider’ na luta pelo título. Não por uma questão de dimensão – é um grande, que ninguém tenha dúvidas disso –, mas pela qualidade da equipa. Algo que não se muda num estalar de dedos, nem num único defeso.

O desafio da nova direção do

Sporting é ter tempo. Tempo para ir recheando o plantel com soluções e melhorando-o a cada temporada e cada mercado, mantendo o equilíbrio nas contas. Tempo para se poder aproximar do nível competitiv­o dos rivais, mesmo que estes continuem a recolher camiões de dinheiro da Liga dos Campeões e a fazer transferên­cias milionária­s. Varandas encontrou o Sporting num dos momentos mais delicados da sua história e é preciso que os sportingui­stas tenham consciênci­a disso. Porque tempo seria sempre uma necessidad­e de qualquer um neste Sporting.

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