Record (Portugal)

Bom duelo Keizer vs. Conceição

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EMPATE NÃO AGRADA A NINGUÉM, MAS AMBOS VIVEM BEM COM ELE. NÃO FOI OLÁ NEM ADEUS, FOI ATÉ JÁ...

Num clássico muito tático, faltoso, mais de luta do que imposição de alguma das partes, em que o físico e a posição se superioriz­aram à velocidade e ao talento, emergem como grandes figuras Marcel Keizer e Sérgio Conceição. Por razões diferentes e um nos antípodas do outro quanto ao futuro na Liga, mas ambos a mostrarem que estão na luta. Elas são é por objetivos diferentes. Se Conceição já provou ser um dos melhores e mais excitantes treinadore­s portuguese­s da atualidade, campeão em título e a tentar a revalidaçã­o, já o holandês procura convencer os sportingui­stas que tem, de facto, uma ideia para a equipa, mas que sabe alterá-la quando é necessário escolher a vida perante a ideia. Marcel Keizer partiu para o clássico colocado perante o dilema de estar obrigado a vencer para se reaproxima­r do FC Porto e sonhar, de forma realista, com o título. Por outro lado, como fazê-lo com a forma de jogar que implantou em Alvalade e que o tem levado a sofrer golos em todos os jogos da Liga... até ontem. Não se pode dizer que a solução tenha sido triunfal. Aliás, refira-se que Keizer já não conseguirá fazer melhor do que Peseiro em oito jogos, mesmo que ganhe ao Moreirense. Mas se o futebol é mais do que a realidade fria dos números, e pelo menos quando não se ganha é mesmo, o holandês ontem ganhou algumas coisas para além de um ponto. Os leões souberam adaptar o sistema ofensivo sem perderem a vontade de ganhar. Baixar as linhas foi inteligent­e, tendo em conta que do outro lado estavam Marega, Soares, Corona ou Brahimi. E isto sem lançar, por exemplo, Petrovic de início. Keizer soube ser fiel à ideia de apostar no talento, mas adequálo à realidade. O rasgo que lhe terá faltado em Tondela apareceu na forma como planeou o clássico. Porque este Sporting, lamento, mas não luta para o título. Precisa de mais qualidade, mais competitiv­idade, para fazer sentir a quem está no onze que tem de pedalar mais. Para que quando perde alguma peça-chave a estrutura não trema de verde. Keizer ganhou tempo e pode continuar a vender o sonho do 2.º lugar. Mas não será nada fácil. Resta agora saber o que pensa Frederico Varandas de tudo isto. Sérgio sai de Alvalade sem poder encomendar as faixas. Por isso lembrou antes do jogo que faltavam 51 pontos para disputar. O FC Porto é mais forte do que o Sporting, terá estado mais perto da vitória, mas não conseguiu a superiorid­ade que eventualme­nte o treinador esperava. O português pareceu algo surpreendi­do pelo posicionam­ento leonino. Mesmo que blocos baixos e transições ofensivas sejam aquilo que mais enfrenta em Portugal. O problema é que, apesar de não ter os craques da época passada, o Sporting ainda tem talento na frente. Por isso o dragão não foi demasiado ambicioso.

O FC Porto é a única equipa que depende de si própria para ser campeã. Mas precisa de se manter totalmente focada. Cinco pontos de avanço é excelente. Mas não dá para dormir.

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