“Arsenal? No início foi um choque!”
Chegou ao Arsenal em 2006, com apenas 16 anos. Lembra-se como foirecebido no clube?
RF - Eu já tinha ido a Londres anteriormente, com os meus pais, antes de ir em definitivo para assinar. Tinha 16 anos e houve uma espécie de operação de charme para impressionar. O Arsène Wenger falou comigo, perguntou quais as minhas ambições e se queria ir para o Arsenal e não tive dúvidas. Tinha a convicção de que era aquilo que queria. Não foi fácil para os meus pais verem umfilho a ir para outro país sozinho com apenas 16 anos, mas com a convicção que eu tinha eles também se sentiram mais cómodos e aceitaram a minha decisão.
Dificilmente esquecerá esses anos...
RF - Ganhei muita experiência como homem. Só alguns anos mais tarde é que dei conta do que tinha sido. Tentei aproveitar mas talvez não o tenha feito da maneira correta. Só mais tarde é que comecei a tirar partido e a perceber o que tinha ganho. Cresci muito mais como homem do que como jogador. Tive de aprender tudo sozinho, mas não me arrependo. Mudei a minha vida, mas foi fundamental para me tornar quem sou hoje.
Como eram os treinos com todas aquelas estrelas?
RF - Ao início foi umchoque. Os meus pais estiveram comigo na primeira semana e depois fiz o primeiro jogo pelos sub-18. Depois tive jogo pelas reservas e, no dia seguinte, fui treinar na equipa principal. Uma semana antes estava em Lisboa com os meus amigos e dias depois estava a treinar com o Gilberto Silva, o Gaël Clichy... Foi muito intenso naqueles primeiros dias. Com toda a adrenalina chegava a casa e dormia durante toda a tarde. Nem aproveitei bem aquelas primeiras semanas, mas foi muito marcante. Até
surge numa altura em que estava a jogar como extremo no Espanyol. Não gostava e estava a jogar mal. E para jogar mal prefiro que seja na minha posição. Surgiu o interesse do Benfica e não olhei para trás porque sempre acreditei no que podia fazer. Infelizmente lesionei-me no primeiro jogo e, mais tarde, tive ou- tirei a carta de condução emInglaterra, a conduzir ao contrário. É só seguir o carro da frente!
Conseguiaesquecero facto de serfãdos jogadores que,então,se tornaramseus colegas?
RF - Conseguia, claro! Mas nos primeiros treinos, quando íamos a andar para o
campo, pen- tra lesão grave no primeiro treino com a equipa A. Mas os 15 meses em que estive parado acabaram por me ajudar no meu futebol. Observei muito, vi muitos jogos e deu para pensar no que queria fazer. Quando voltei a jogar sentia-me feliz e com mais experiência.
Essa lesão foi o pior momento sava que há uns meses apenas os via pela televisão. Foi o realizar de um sonho.
O único jogo que fez pela equipa principal foi diante do Wigan, naTaçadaLiga...
RF - Sim! O meu irmão foi ver o jogo ao estádio com mais alguns amigos nossos. Foi o realizar de um sonho meu, mas também do meu irmão e dos meus pais, que estavam a ver o jogo pela televisão. Sabia que estava a deixá-los orgulhosos até porque era o meu primeiro jogo como profissional. Que companheiro de equipa é que o marcou mais no Arsenal?
RF - Gostei muito do Clichy. Marcou-me em alguns aspetos. Vivíamos numa pequena cidade e houve um dia em que me viu na rua, a caminhar sozinho, e parou o carro para me dar boleia até casa. Mesmo no treino puxava por mim e tentava ajudar-me. O Fàbregas e o Fran Mérida, por serem espanhóis, também estavam sempre mais próximos. *
“FOI MUITO INTENSO NAQUELES PRIMEIROS DIAS. COM TODA A ADRENALINA CHEGAVA A CASA E DORMIA TODA A TARDE”
dasuacarreira?
RF - Digo que foi e não foi. Tirou-me um ano e três meses da minha carreira, mas ajudou-me bastante para o resto. Desde então, foi sempre a subir e isso foi resultado dessa lesão. A segunda foi pior, porque foi o primeiro treino com a equipa e tive de parar novamente. Custou-me mais porque foi sozinho, a dominar uma bola.
SentiaqueiaserapostadeJorge Jesus no Benfica?
RF - Sim, porque o resultado daqueles seis meses no Benfica B foi a promoção à equipa A. Depois, em janeiro, chegámos à conclusão de que era melhor ser emprestado. Mas o Benfica fica na memória pelo apoio que recebi de todos, desde o míster Norton de Matos até ao Jorge Jesus, passando pelo Hélder Cristóvão. Até foi ele quem fez questão de que eu ficasse naqueles primeiros seis meses da época, mas depois concordámos que não fazia sentido continuar na equipa B com 23 anos.
Como foi, depois, a passagem parao Belenenses?