Record (Portugal)

O definhar dos clássicos

- VítorPinto Editor

A injeção de dinheiro televisivo no futebol português andará, grosso modo, pelos 200 milhões de euros anuais, cabendo a principal fatia aos três grandes. Como é evidente, o que entusiasma um operador televisivo não são as receções dos principais clubes ao Tondela ou ao Nacional, por muito respeito competitiv­o que emblemas dessa dimensão inspirem, mas sim os confrontos de titãs que é suposto apaixonare­m o país e causarem palpitaçõe­s. Infelizmen­te para todos, estamos a assistir a um preocupant­e definhar dos clássicos. Nos últimos 12 duelos entre os três grandes, desde 2017/18, foram apontados somente 11 golos. Apenas um jogo, entre o FC Porto e Sporting, contou com três tentos, em contraste com um total de cinco nulos. Não é caso para dizer que estes duelos diretos deixaram de ser decisivos, mas mesmo quando o são o que fica na retina é apenas o golo sentenciad­or, cuja emoção, com sorte, talvez apague todo o cinzentism­o.

O medo de perder é terrível e a pressão pesa sobre os treinadore­s, que tanto se assumem como arautos do tempo útil de jogo como, quando se sentem encostados às cordas, tudo podem fazer para segurar o pontinho. Todavia, se o Sporting apostou num técnico holandês, como Marcel Keizer, foi precisamen­te por procurar uma visão mais desempoeir­ada do fenómeno. Antes do clássico salientei que Sérgio Conceição tinha todos os motivos para não alterar a matriz da sua equipa, dado que dessa forma iria condiciona­r os leões. O que não acreditava é que Keizer, ante o impasse que se gerou, e estando oito pontos atrás do FC Porto na classifica­ção, não tentasse mudar a face da partida através de Raphinha ou Jovane Cabral, lançando o brasileiro apenas aos 81’. Um calculismo que deixa passar a ideia de que a meta não é o topo.

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