Record (Portugal)

O João Félix que não corria

- VítorPinto Editor

O futebol português está recheado de comparaçõe­s hiperbólic­as. Careca era “meio Pelé, meio Eusébio”, André Carvalhas era “meio Simão, meio Miccoli”, agora João Félix “faz lembrar Rui Costa e Kaká”, isto na palavra de Jorge Jesus. Dando de barato a projeção mediática instantâne­a que adquire qualquer produto da formação encarnada, quando o inverso é impossível dada a política de ‘bunker’ do FC Porto que nem os adeptos entendem nos tempos que correm, a perda de João Félix por parte dos dragões não pode passar sem uma reflexão séria. Bino, antigo jogador e técnico do agora craque das águias quando esteve no Olival, acabou por admitir o “muito talento” de Félix, mas lamentando o facto de não “correr muito”. Talvez por isso alguém achou que iria motivar-se ao representa­r o Dragon Force ou o Padroense. Ou seja, a estrutura do FC Porto falhou na deteção de um diamante precoce de topo e empurrou-o para o Benfica, que soube potenciar as qualidades inatas que fazem a diferença e acrescenta­r-lhe, então, aquilo que é preciso para que um ‘puto habilidoso’ vingue como profission­al.

Sem recorrer a outros casos do passado, percebe-se que não é por acaso que os encarnados precisam de cobrir brechas no plantel A e têm à mão talentos como Rúben Dias, Félix e Gedson, mas também Zlobin, Ferro, Florentino ou Jota, isto enquanto Willock ou Alex Pinto espreitam e Tiago Dantas atrai tubarões. No FC Porto, certa vez, alguém disse que jamais o clube deixaria de ter a melhor equipa para passar a ter a melhor formação, isto na época em que começou um deserto de títulos que Conceição quebrou. São opções. Do Olival também emergiram craques como Dalot, Rúben Neves e André Silva, mas o fair play da UEFA impediu que ganhassem raízes.

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