“É tempo de dizer alto e pára o baile!”
Este instrumento [pega no telemóvel] mudou o Mundo e temos de saber conviver com ele. Mas isso não nos permite viver em impunidade.
E qualé asolução?
CQ – Educação. Hoje, não existem regimes autoritários para controlar a liberdade que este fenómeno [e volta a pegar no telemóvel] nos deu. Como pode ser alterado? Com educação e uma defesa mais firme dos valores e dos princípios.
Mas isso pode levar gerações... CQ – Entendo que pode ser feito num pacto de consciência. A começar pelas televisões, que podem refletir e aceitar que há limites que temos de respeitar e que não podemos permitir que sejam ultrapassados. Quando olham para o campo veem jogadores e treinadores, mas por detrás deles há pais, filhos, amigos. Costumo dizer que tenho dois mundos onde vivo. Num deles estou muito dedicado à conservação da natureza e da vida animal. Nesse mundo, onde tenho de proteger os meus elefantes e leões, vivo numacivilização onde os animais mordem quando fecham a boca. Mas há o outro mundo da civilização em que os animais mordem quando abremaboca.
Eh pá, por favor, abram devagarinho. Enfim, ofutebolportuguês merece mais e melhor.
E dentro das quatro linhas, a nova geraçãovaidar seguimento a este trajeto de 30 anos e estar ao níveldageração de Ronaldo?
CQ – Acho que sim, e o Ronaldo faz parte dessa família. A métrica que temos de utilizar deve ser estimada em termos qualitativos. Depois há outra métrica quantitativa que tem a ver com quem ganha mais e conquista títulos. Mas ninguém no futebol português pode deixar de cuidar da métrica qualitativa. Hoje, ser jogador ou treinador português é um cartão de crédito. Agora, na outra métrica, espero que o Hélio [selecionador de sub-20] ganhe o título mundial não pela proeza em si mas pelo significado que isso tem na aposta que se fez primeiro no desenvolvimento de um jogador e depois no investimento que o próprio realizou na sua formação como treinador. *