A bola não entra? Despede-se o treinador
Hoje apetece-me escrever sobre treinadores, os elos cada vez mais fragilizados nas estruturas dos clubes de futebol, na maioria dos casos, vítimas da visão tacanha de dirigentes que não admitem os erros estruturais que eles próprios cometeram e que, em vez de os corrigirem, optam pela solução mais fácil. O caso mais recente aconteceu com Miguel Cardoso, despedido do Celta de Vigo. Um clube que construiu uma equipa à volta de Iago Aspas e que, quando este se lesionou, não soube encontrar alternativa que, pelo menos, minimizasse a ausência do seu melhor jogador. De nada serviu a Cardoso ter os jogadores do seu lado e estes terem sucessivamente declarado estar “hasta la muerte” com ele. Nem ter “recuperado” aqueles que eram “homens da casa” e “capitães” de equipa que tinham sido marginalizados. Os resultados falaram mais alto e, claro, os responsáveis pela construção de uma equipa frágil e sem qualidade tomaram a solução mais fácil –treinador para a rua.
Este tipo de comportamento de alguns dirigentes leva a que me interrogue sobre o futuro próximo de alguns treinadores em Inglaterra, como o de Klopp, caso não vença a Premier, ou o de Pochettino, que já vai a dez pontos do líder; e o que acontecerá a Ancelotti, na Serie A, onde o seu Nápoles já vai com 16 (!) pontos de atraso para a Juve? E em La Liga, onde o Real tem 12 pontos de atraso face ao Barcelona e Solari parece ter já guia de marcha.
Será que todos estes –e muitos outros que não cabem no espaço desta pequena coluna - serão ‘sacrificados’, variando as justificações de acordo com os argumentos mais convenientes? Será, de facto, a ‘solução’ mais simples mas, interrogo-me, será mesmo a ‘solução’? Ou esta passa por tornar-se um clube onde toda a estrutura, desde presidente a roupeiro passando, obviamente, por jogadores e treinadores, fale toda a uma só voz, reme toda para o mesmo lado e na qual se perceba que o insucesso está à espreita quando um jogador for mais importante do que o clube? Neste caso, os resultados podem não ser imediatos, mas o sucesso acabará por lhe bater à porta.