Record (Portugal)

NELSON FAZ GESTÃO ATÉ TÓQUIO

- NORBERTO SANTOS

Português tem feito o mais difícil na última década: manter-se a alto nível mundial

O que se pode esperar de Nelson Évora a curto/médio prazo? Esta é a pergunta do momento, depois de ter conquistad­o mais uma medalha, neste caso a de prata, no Europeu de pista coberta, em Glasgow. Quando completar 35 anos, no próximo dia 20 de abril, o campeão olímpico em Pequim’2008 só nos deu confirmaçõ­es e tem feito, na realidade, o mais difícil na última década: manter-se a alto nível mundial. Poderá não ser o tal atleta que desafia o recorde mundial, mas é, segurament­e, um dos mais fiáveis saltadores que há na história do atletismo.

Por isso, mesmo quando se olha para o bilhete de identidade de Évora, dá para acreditar em muita coisa até aos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020. É algo que está na sua cabeça há muito tempo e, melhor do que ninguém, o pupilo do cubano Ivan Pedroso sabe escutar o corpo e interpreta­r as boas sensações que retira do treino.

Pormenores técnicos

Nelson Évora talvez tenha sido demasiado honesto quando disse que os atletas europeus são obrigados a fazer dois pontos altos na mesma temporada. “Quem deu tudo para chegar no máximo em Glasgow vai pagar caro no Mundial em Doha”, afirma o medalha de prata. Isto quer dizer uma coisa muito impor- tante: gestão da carreira. Nelson ainda tem muito combustíve­l para gastar para a época de verão e não pode correr o risco de se lesionar. “A melhoria da sua condição física não passa por aumentar o volume ou a intensidad­e dos treinos. O segredo é fazer a gestão de equilíbrio­s”, comentou a Record um treinador ligado ao sector de saltos. Nelson tem a vantagem da experiênci­a e de saber lidar com a pressão. Mas precisa de saltar mais para aspirar a uma medalha num Mundial. “Serão precisos saltos na ordem dos 17,70/17,80 metros”, afiançou o português, que após um curto período de férias vai trabalhar com Ivan Pedroso os tais por- menores técnicos, tão básicos como manter os índices de velocidade em sintonia com a corrida de chamada, que normalment­e percorre em 43 passadas. Entretanto, Nelson Évora agradeceu o apoio. “Como sempre, esta medalha é de todos os portuguese­s, a quem aproveito para agradecer as milhares de mensagens de apoio incondicio­nal, antes mesmo de saber o meu resultado e também aqueles que após o resultado me homenagear­am. Obrigado por voarem comigo”, escreveu nas suas redes sociais o saltador do Sporting, que ontem viajou diretament­e para Madrid, local de treino e residência. *

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VOADOR. Nelson brilhou em Glasgow e a comitiva nacional (sem Évora) chegou ontem à noite a Lisboa

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