A cor da esperança
Carlos Barbosa da Cruz Advogado
Quanto mais assisto a esta inenarrável regateirice em que se tornou a ponta final do campeonato, em particular pela abordagem que dela fazem os principais candidatos ao título, mais me convenço que, sem sombra de dúvida, o lugar do Sporting no desporto português é fundamental.
O desportivismo e o fair play foram riscados do léxico do futebol, e todas as semanas recrudescem os decibéis do ruído crítico, seja às arbitragens – próprias e dos outros – seja à suspeição pela atitude das equipas que jogam contra os rivais, seja aos dirigentes, numa escalada de violência verbal (por enquanto) verdadeiramente desprestigiante.
Benfica e FC Porto estão a converter o futebol numa imensa zaragata de comadres, num lixo de miséria moral, que nada tem a ver com os valores do desporto.
Custa-me que, no meio disto tudo, o Sporting ainda não consiga fazer ouvir a sua voz, mas espero que esteja para breve o momento em que consiga ser campeão, não espadeirando contra tudo e todos, não praticando jogo subterrâneo, mas sim porque foi melhor.
O Sporting deve a si próprio, aos seus sócios e adeptos e ao desporto, ser mais competente a ganhar, sobretudo no futebol profissional sénior masculino, que é a modalidade que confere mais visibilidade, prestígio e dinheiro. Recuperado o clube para os valores que sempre foram os seus, importa partir para uma fase de regeneração, com três objetivos principais: estabilizar financeiramente, reconciliar e congregar os sportinguistas e, finalmente, ter consistência na vitória.
Umclube com estes valores, estes adeptos, este potencial, esta resiliência e esta história, tem obrigação de ganhar mais vezes, de se saber organizar para tal fim. O Sporting tem de conseguir inverter o ciclo de
O SPORTING AINDA NÃO CONSEGUE FAZER-SE OUVIR, MAS FAZ MUITA FALTA A ESTE FUTEBOL
encolhimento em que, por circunstâncias conhecidas, entrou e que se traduziram em magros três títulos em quarenta anos.
Eu sei que é difícil conter a ansiedade dos sócios que querem tudo para ontem e esquecem as limitações condicionantes desta época. Honestamente, não conheço nenhuma fórmula mágica que catapulte o Sporting para a vitória, mas sei que não vamos lá a discutir o treinador ao 1.º revés, a queimar etapas, a ser sectários.
Os adversários do clube costumam dizer jocosamente que o maior inimigo do Sporting são os sportinguistas e muito gostaria de não lhes dar razão.