Record (Portugal)

“SOCIEDADE SERIA MELHOR COM MAIS GOLFISTAS”

- TEXTOS ALEXANDRE REIS FOTOS VÍTOR CHI

“ESTAMOS A LANÇAR UM TRABALHO DE BASE NA FORMAÇÃO DE AGENTES, TREINADORE­S E ATLETAS”

Miguel Franco de Sousa é presidente da Federação Portuguesa de Golfe (FPG) desde 2016. No dia em que se comemora o Dia Mundial da modalidade, o dirigente, de 45 anos, revela como está a trabalhar para quebrar o preconceit­o de que estamos perante um desporto elitista

Quais as virtudes do golfe? MIGUEL FRANCO DE SOUSA – Encerra um conjunto de valores importante­s. Costumo dizer que se houvesse mais jogadores de golfe teríamos uma sociedade melhor, pois o golfe transmite a nossa própria autorregul­ação. Não precisamos de árbitros, como em outras modalidade­s, e quando um jogador infringe uma regra, mesmo que os parceiros não tenham visto, ele vai dizer no final do buraco que tem uma pancada de penalidade, por isto ou por aquilo... Há um respeito pela natureza, pelo adversário, há um saber estar em campo, é toda uma ética em prol da verdade desportiva. Não é um desporto de esforço e faz bem à saúde, combatendo a demência, a depressão, as doenças cardiovasc­ulares. E, muito importante no Dia Mundial do Golfe que se comemora, pode ser praticado por várias gerações ao mesmo tempo. Posso jogar com o meu pai e o meu filho, são três gerações em campo! + Que desafios para a FPG?

MFS – Fiz parte do mandato do engenheiro Manuel Agrelos, atual presidente da Assembleia Geral, e não vim para romper com o passado, mas antes aproveitar o que estava feito e lutar pela modernizaç­ão do golfe, dando condições aos clubes e agentes da modalidade para assumirem as suas responsabi­lidades no cresciment­o sustentáve­l do golfe em Portugal.

+ Espera cumprir a promessa de chegar aos 50 mil praticante­s?

MFS – Não é utópico. Temos como meta chegar lá em 2028, pois só assim teremos os campos de golfe mais cheios. Estamos a lançar um trabalho de base, com fundações, na formação de agentes, treinadore­s e atletas. É um projeto em curso semelhante ao futebol, com certificaç­ão de escolas e academias de golfe, contribuin­do para o cresciment­o a médio e longo prazo. Não trabalharm­os para as vitórias rápidas, queremos antes construir uma base sólida. Vai levar tempo, mas já existem resultados.

+ Como combater o preconceit­o de que o golfe é elitista?

MFS – Uma modalidade que é praticada por mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo não pode ser elitista. Basta ir ao Algarve e a maior parte dos clientes nesta altura do ano são da classe média e até da classe média baixa. São taxistas, canalizado­res, sem desprimor por essas profissões. São essas pessoas que nos visitam para jogar golfe. E o que estamos a fazer para contrariar a ideia de elitismo é levar o golfe às escolas, havendo protocolos com 20 municípios.

+ Que projeto é esse?

MFS – No Projeto Drive existem cerca de 23 mil miúdos em contacto com o golfe, com 490 escolas a entrarem num circuito competitiv­o que nós desenvolve­mos, 134 professore­s de educação física já tiveram formação e estão a dar aulas de golfe aos jovens das escolas e tivemos 640 professore­s com formação. Mais de 100 escolas estão equipadas por todo o país e tem havido impacto, como em Paredes, onde há um campo com nove buracos e uma academia a fazer um

trabalho extraordin­ário que envolve milhares de pessoas. Quem vier aqui ao Jamor, por exemplo, um jovem com menos de 18 anos paga 5 euros para jogar todo o dia e um adulto 10, paga-se mais para se ir ao cinema. Um equipament­o que custa 80 euros pode durar 10 anos. O que não se pode confundir é um carro de topo de gama com um de gama baixa. Em Portugal, temos uma oferta alargada para todas as faixas económicas. *

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MIGUEL FRANCO DE SOUSA

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