“Atração pela autodestruição”
Lamenta o estado do futebol português, referindo que lá fora só chegam “escândalos”
Com um passado ligado à área comercial dos jornais, Markus Horn ajuda o Kickers nas redes sociais, participa em programas televisivos, dá entrevistas e escreve em blogues e na revista austríaca ‘Ballesterer’, que na gíria significa futebolista. A publicação dedicase a temas alternativos sobre futebol e Horn dá a conhecer Portugal com assuntos nada mediáticos. “Já escrevi sobre o Atlético e o Oriental”, conta quem tem fascínio pela história de clubes. Expressando-se num português perfeito, “aprendido na rua”, Horn fala do que se passa no desporto-rei no nosso país com sentimento “agridoce”. “O futebol português tem uma grande atração pela autodestruição”, atira. “Depois do Europeu [de 2016, vencido pela Seleção], Portugal tinha tudo para se afirmar lá fora”. Para ele, foi uma “oportunidade perdida”. Este benfiquista observa que o que chega lá fora são notícias de “escândalos, escândalos e mais escândalos”. “O futebol não é mau. O que se joga em Portugal não fica atrás de outras ligas. É uma pena que não se fale, por exemplo, do grande campeonato que o Moreirense está a fazer. Está a fazer omeletas sem ovos.” Horn equipara o nosso futebol ao holandês, que admira por ser ofensivo. “A grande diferença é que na Holanda os estádios estão cheios”. Em sua opinião, ver as bancadas em Portugal vazias é consequência dessa estratégia errática. “O meu sogro era sócio do Belenenses. Fui muitas vezes com ele ver jogos ao Restelo e, na década de 90, havia assistências de 15 mil espectadores. A queda foi brutal, mesmo antes de haver esta separação [entre SAD e clube].” Não esconde a “preocupação” por ver o nome do Benfica ligado a casos de Justiça, mas refere: “Até haver condenações, são inocentes”. De Rui Pinto, colaborador do Football Leaks que está em prisão preventiva, diz: “É um fenómeno que não está muito bem explicado. Consideram-no um Robin dos Bosques, mas tenho algumas dúvidas de que seja assim”. A verdade é que o ‘hacker’ português é muito apoiado na Alemanha. “Nos jornais, e entre os ultras, há um movimento muito forte contra o futebol moderno”, explica. *
“É UMA PENA QUE NÃO SE FALE DO CAMPEONATO QUE O MOREIRENSE ESTÁ A FAZER”, DIZ O BENFIQUISTA