Memória para Benfica e Sporting
O BENFICA NÃO MATOU FANTASMAS E O PESADELO DOS CASOS JUDICIAIS PODE REGRESSAR A QUALQUER MOMENTO; EM ALVALADE VAI CONTINUAR O NAPALM PELA MANHÃ, NÃO APRENDEM
O Benfica teve uma fase terrível com o cerco judicial, bem como uma onda de descrença na condução de Rui Vitória. Aqui foi o tempo do desaparecimento de Vieira e a ascensão mediática do trio de advogados de luxo que contratou para detonar o momento em que esteve encostado às cordas. Depois da noite em que viu uma luz e adiou um cenário irreversível, pois os adeptos tinham perdido a paciência com a falta de qualidade em campo e não gostavam do que se passava com suspeitas constantes e companhias evitáveis, veio Bruno Lage e tudo mudou. Voltaram os triunfos, lançou bebés do Seixal, o futebol praticado dava espectáculo e o discurso era atraente e seduzia ‘opinionmakers’ e benfiquistas. O fatode-treino envergado pelo ex-timoneiro da equipa B simbolizava a simplicidade e o gosto por abordar as questões do jogo, ajudando a pôr para baixo do tapete os diversos dossiês polémicos que atingiram as águias, tudo isto com a cereja no topo do bolo de a Justiça entender não levar a SAD encarnada a julgamento pelo processo E-Toupeira.
Vieiravoltouasorrire estasemanaanunciou o ambicioso
prolongamento do projecto da Academia. As águas deixaram de estar crispadas, porém, esta euforia não pode apagar a falta de memória de alguns. O Benfica não matou fantasmas e o pesadelo dos casos judiciais pode regressar a qualquer momento e todo o material recolhido por Rui Pinto não era ‘fake’ e tem de ser severamente investigado. Ora, se esta semana semearam a estranheza com a ida de um elemento portista a Budapeste para possivelmente se encontrar com o ‘hacker’, devem julgar que todo o país desportivo está a dormir e não ache suspeito que Paulo Gonçalves trabalhasse durante anos ao lado do presidente e agora haja uma amnésia colectiva naquela SAD sobre o seu papel.
Ospupilosde MarcelKeizerfizeramrugir os leões de alegria
com a ida ao Jamor. Assim o treinador ganhou salvo-conduto para preparar a nova época e Varandas recebeu um balão de acalmia no barulho de uma família que tem uma corrente autofágica à flor da pele e que parece adorar o cheiro a napalm pela manhã. Porém, num curto espaço de tempo, voltam as quezílias entre irmãos. Tudo pela auditoria anunciada como forense aos tempos de Bruno de Carvalho ter sido dada à imprensa em vez de ser vista e debatida em primeira mão pelos sportinguistas. O Record e o ‘Correio da Manhã’ fizeram o seu trabalho, tiveram acesso a ela e publicaram-na, pois é notícia e tem inequívoco interesse público.
A PESSOA QUE PASSOU O DOCUMENTO DA AUDITORIA NÃO AJUDOU A “UNIR O SPORTING”
Cabetambémnestecasopedir memóriaaos dirigentes leoninos. O ‘vice’ Francisco Zenha, por alturas do processo que antecipou receitas de 65 milhões junto de um fundo de investimento, optou por não dizer quem era a entidade parceira nem uma série de procedimentos porque, segundo ele, “o segredo é a alma do negócio”. Pois bem, com esta exposição da auditoria quebrou-se tudo, revelaram-se contratos e salários e até ficámos a saber que Varandas recebeu cerca de 749 mil euros via a sua empresa Expressão Verde, quando era apenas médico. Não sei quem foi o passador do documento para a imprensa, mas tenho a convicção firme de que por incompetência ou amadorismo não contribuiu em nada para o móbil que era o da campanha que ganhou as eleições: “Unir o Sporting.” Em Alvalade vai continuar o napalm pela manhã, não aprendem.
Texto escrito na antiga ortografia