AVANÇADO SUPERA EUSÉBIO
O MAIS JOVEM PORTUGUÊS A MARCAR TRÊS NA EUROPA!
Uma grande exibição, mesmo tendo em conta que todos os episódios contingentes do jogo o beneficiaram (expulsão, golo anulado ao adversário e dois golos em apenas três minutos), valeu ao Benfica não só a vitória frente ao Eintracht Frankfurt, como a construção de um resultado que, não sendo definitivo, permite encarar com otimismo o jogo na Alemanha e piscar o olho às meias-finais da Liga Europa. A noite foi também de João Félix, o geniozinho que sublinhou o regresso ao esplendor com um hat trick que vira outra vez os holofotes da Europa na sua direção – e, por incrível que pareça, a sua exibição foi mais do que os três golos, foi uma demonstração de talento ilimitado, contra o qual os alemães não tiveram antídoto.
Com uma equipa distante daquela que vai apresentar no ataque ao grande objetivo da época (a Liga), os encarnados foram inteligentes em quase todas as opções que tomaram. Previram que os alemães viriam com a arrogância natural de quem se julga mais forte e adaptaram-se na perfeição; aos três centrais responderam com um só avançado e mesmo esse (Félix) móvel e abrangente. Ainda que a plateia tenha sublinhado com assobios incompreensíveis os derradeiros instantes, aqueles em que a equipa geriu a vantagem no marcador, o grande pecado talvez tenha sido não o ter feito mais cedo e tratar de garantir, desde logo, o 41 como resultado final.
Expulsão, penálti e golo
O jogo começou melhor para os alemães. Os primeiros minutos do Eintracht mostraram uma equipa mais sólida, agarrada a uma ideia de jogo com bola e iniciativa atacante. A circulação e os movimentos individuais de quem lhe dava forma mostraram que a formação de Adi Hütter tem qualidade indiscutível e está devidamente consolidada. Acontece que, perante as evidências do que o adversário costuma fazer, o Benfica adaptou-se previamente: com a exceção do período inicial (muitas falhas não forçadas), revelou-se firme e autoritário sem bola (Fejsa e Samaris à frente da defesa), e capaz de encontrar tempo e espaço para transformar momentos de alguma tensão defensiva em lances de rápidas transições ofensivas – Rafa e Cervi nas alas e Gedson no meio, em apoio a João Félix. Este estado de coisas, marcado pelo equilíbrio e até alguma especulação, sofreu um golpe tremendo quando N’Dicka foi expulso, no lance que valeu o pontapé de penálti e o correspondente golo de
João Félix. Aos 20 minutos, a águia chegava à vantagem no marcador e olhava em frente com outra perspetiva: estava a ganhar e tinha mais de uma hora para jogar contra 10. A equipa pôde então exibirse com menos tensão, mais tranquila pelas contingências favoráveis que o jogo lhe proporcionara. Mas o golo de Jovic, aos 40 minutos, confirmou o que o duelo, afinal, sempre disse: que o jogo não estava fechado, situação que o 2-1 de Félix, aos 43’, não desmentiu.
Vendaval imparável
O segundo tempo apressou a supremacia encarnada, com dois golos num curto lapso temporal, que tiveram o condão de obrigar o Eintracht a perder toda a calma – já não era possível agir como quem estava no intervalo da eliminatória, para ter êxito era fundamental atirar-se à aventura de jogar em busca de outro resultado, com a dificuldade de estar em inferioridade numérica. A primeira contrariedade para os encarnados foi a lesão de Corchia, que obrigou ao recuo de Gedson para defesa-direito e à entrada de Pizzi. Mas foi a entrada de Gonçalo Paciência que mexeu com o jogo. O ex-portista assinaria o 4-2 e só então o Benfica pôs água na fervura do jogo. Esperemos que não o tenho feito tarde de mais. *