Idade e capacidade
Em agosto do ano passado, entrevistei Leonardo Jardim no Mónaco e perguntei-lhe o que sentia por ter lançado Kylian Mbappé, então um jovem com apenas 16 anos, na equipa principal do Monaco. “Se não fosse eu, teria sido outro treinador, porque Mbappé é um talento”, respondeu o português.
Idade e capacidade são palavras que rimam e que se complementam. Há jogadores cujo talento é tão evidente que o seu lançamento no futebol ao mais alto nível não deve basear-se na data de nascimento. Matthijs De Ligt tem apenas 19 anos e está a transformar-se rapidamente no jogador de classe mundial também porque Peter Bosz teve a inteligência – e a cora
HÁ JOGADORES CUJO TALENTO É TÃO EVIDENTE QUE A DATA DE NASCIMENTO É O QUE MENOS IMPORTA
gem, que também acaba por ser necessária nestes casos – de colocá-lo a jogar na equipa principal do Ajax aos 17 anos. A aprendizagem que foi adquirindo faz com que seja uma das grandes figuras, junto de Onana, De Jong, Ziyech e Van de Beek, entre outros, de um Super Ajax que chegou às meias-finais da Champions. E como De Ligt e Mbappé existem e existiram muitos outros exemplos.
Amesma teoria também se aplica no plano oposto da vida. Vítor Oliveira tem 65 anos e ontem consumou a 11.ª promoção à 1.ª Divisão, a segunda ao comando do Paços de Ferreira. Um treinador experiente, da velha guarda, com mais anos de futebol do que alguns técnicos portugueses de vida. O nome ‘Rei das Subidas’ assenta-lhe na perfeição. A capacidade deve sempre falar mais alto do que a idade, sejam mais novos ou mais velhos. E que quem manda nunca se esqueça disto.